4 de agosto de 2020 6:36 por Geraldo de Majella
A primeira fotografia, de 1826, é creditada ao francês Joseph Nicéphore Niépce. Nessa época estava no Brasil o francês Hercule Florence; sem que houvesse qualquer comunicação entre eles, estava sendo criado um método fotográfico nos trópicos. A origem da palavra vem do grego phosgraphein, que significa literalmente “marcar a luz”, “registrar a luz” ou “desenhar na luz”. A palavra grega é formada a partir da junção de dois elementos: phos ou photo, que significa “luz”, e graphein, que quer dizer “marcar”, “desenhar” ou “registrar”.
Eurico Farias Costa nasceu em Atalaia, em 16 de abril de 1923, filho de Floriano Farias Costa e Maria Barros da Costa. O casal constituiu uma família com sete filhos: Osória, Gilda, Jaci, José (Zequinha), Augusto, Pedro e Eurico. Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, foi trabalhar em Anadia, onde passou a viver; em 1954, casa com Celina Chagas Costa e formam uma família de 11 filhos.
O irmão Pedro Farias, aos 15 anos, vem morar em Maceió e inicia o aprendizado como fotógrafo no Foto Fiel, um dos mais importantes da cidade. Eurico Farias funda em Anadia um estúdio de fotografia, onde trabalhou como fotógrafo por mais de quarenta anos. Assim como Pedro, alguns filhos de Eurico Farias também aprenderam a fotografar: Solange, Olga, Eluzanita e a esposa, Celina, se dedicaram ao trabalho enquanto existiu o estúdio em Anadia, encerrando as atividades profissionais com a morte do patriarca.
Vovô, como era carinhosamente conhecido, era um profissional de múltiplos ofícios: eletricista, fotógrafo e agitador cultural, profissão na época desconhecida, mas exercida com maestria.
O estúdio funcionava numa sala que parecia uma galeria com fotos afixadas em quadros pelas paredes, álbuns guardados nas gavetas à espera dos seus donos. Os registros fotográficos eram de eventos culturais da cidade, como carnavais, festas juninas, enterros de pessoas conhecidas ou anônimas.
Anadia não tinha um clube social que a população mais pobre pudesse frequentar e onde não houvesse descriminação de classe social. No dia 1º de janeiro de 1965, à Rua Coronel Costa Nunes, s/n, foi fundada a Sociedade Beneficente e Recreativa de Anadia (SOBRA). Os seus fundadores são trabalhadores de categorias como: pedreiros, carpinteiros, eletricistas, motoristas, sapateiros, celeiros, pequenos comerciantes e funcionários públicos. Eurico Farias foi o primeiro presidente. Havia outro clube na cidade, a Associação Recreativa e Cultural de Anadia (ARCA), mas este era frequentado pela elite e pela classe média da cidade. Não era possível aos trabalhadores autônomos e assalariados serem seus associados.
Eurico Farias era o disc jockey e fazia sucesso com a sua discoteca, a maior da cidade, com mais de 300 LPs e compactos. As principais festas do ano, como Natal, Carnaval e as festas juninas, contavam com o serviço de alto-falante instalado em sua residência, que tocava as músicas previamente selecionadas para a festa. Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Antônio do Baião, Jacinto Silva e Marinês e sua Gente eram os campeões de audiência das festas juninas. No Carnaval os frevos de Nelson Ferreira e Capiba dominavam o ambiente de momo da cidade. Tudo realizado com o máximo prazer e paixão. De vez em quando alguns anúncios eram veiculados informando a passagem de blocos carnavalescos ou outro fato importante.
A sensibilidade desse homem para a fotografia e a música ficará imortalizada. A alegria que ele próprio sentia era um diferencial em Anadia. A memória é um processo em permanente construção. E quando é possível guardar documentos ou depoimentos sobre os acontecimentos tanto melhor para as futuras gerações.