17 de setembro de 2020 6:27 por Da Redação
Realizada no domingo (13), a convenção do Partido dos Trabalhadores (PT) em Maceió apresentou sua chapa de vereadores com destaque para a homologação da candidatura coletiva do grupo identificado como TODOS.
Repetindo uma experiência que tem se sido adotada em vários estados, o coletivo TODOS quer inovar nas relações entre os detentores do mandato e os eleitores, como esclareceram seus componentes em entrevista.
O grupo é formado pela professora Danubia Barbosa, bancário Zé Roberto, professor Gustavo Pessoa e bacharel Marcelo Nascimento.
Quem é quem
Danubia Barbosa, a mais nova do grupo, participou ainda adolescente do grêmio secundarista do seu colégio e depois do movimento estudantil universitário. Atualmente é uma ativista do movimento que busca reconhecimento das atividades ligadas a economia criativa. Em 2018, foi candidata a vice governadora em Alagoas pelo PSOL.
Zé Roberto é o mais experiente do coletivo, com mais de 40 anos de atuação política e social. Ainda na década de 1970 já participava das Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica.
Após uma breve passagem pelo movimento comunitário, fez parte e liderou o movimento sindical bancário por mais de 20 anos. Foi secretário de Estado no governo Ronaldo Lessa, ocupando a pasta da Cidadania e Direitos Humanos.
Como dirigente eleito da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, presidiu por quatro anos o maior empreendimento turístico da América do Sul, o Costa do Sauípe, na Bahia. Exerceu ainda o cargo de Negociador Nacional do Banco do Brasil.
Gustavo Pessoa começou a ter participação política no movimento estudantil secundarista. Na Ufal foi por duas gestões presidente do Centro Acadêmico de História e depois coordenador do DCE. Na sua passagem pelo PSOL, além de dirigente, foi candidato a prefeito de Maceió e a deputado estadual.
Marcelo Nascimento tem uma trajetória política que inicia no movimento estudantil secundarista e vai até a militância social nas lutas em defesa dos direitos das pessoas LGBTI, mas sempre inspirado no ideal de uma sociedade igualitária e socialmente justa.
Além da formação política que obteve nos movimentos sociais, também é graduado e pós-graduado em Direto. Foi assessor legislativo na Câmara Municipal de Maceió, Assembleia Legislativa e na Câmara Federal do deputado Paulão (PT).
Como gestor público, exerceu por mais de quatro anos o cargo de secretário adjunto de Educação da Prefeitura de Maceió e integrou Conselhos de Saúde, Direitos Humanos e de Educação.
Candidatura Coletiva
A possibilidade de se ter um mandato coletivo pela primeira vez em Alagoas entusiasma a professora Danúbia Barbosa, que vê nessa forma de representação uma construção mais democrática. “Poderemos ouvir mais o povo e estaremos mais próximos da população. Essa prática estará sempre associada a um mandato transparente, com nossos atos sendo de conhecimento público”, destaca.
Zé Roberto não esconde que foi essa forma de mandato que o levou a retornar ao cenário político. “A proposta de Candidatura Coletiva rompe com a atual forma de fazer política, dando mais transparência e aproximando estes parlamentares coletivos da sociedade.
“Esse novo formato de fazer política no parlamento é bastante desafiador e ao mesmo tempo provocador”, confessa Marcelo Nascimento, ressaltando que a essa concepção de mandato coletivo tem características próprias das práticas políticas dos parlamentares de esquerda, que sempre incentivam a participação popular nas decisões.
Cidade democrática
Comentando uma pesquisa publicada na Folha de S.Paulo há dois anos, que revelou o apoio de mais de 70% da população brasileira a um regime militar, Gustavo Pessoa se mostrou preocupado com esses números e defendeu que a democracia representativa, com todas suas imperfeições, é ainda o melhor modelo político que se pode ter.
“Devemos constatar que essa reação negativa à democracia recebe importante contribuição os parlamentares que fazem mau uso dos seus mandatos. Um desses problemas, por exemplo, é a atuação de alguns vereadores, que apresentam os serviços públicos realizados pelo executivo como se fossem seus, reproduzindo práticas da República Velha, tentando transformar os bairros em seus currais eleitorais”, comentou.
Gustavo Pessoa fez questão de afirmar que defende a democracia, mas que luta permanentemente para o seu aperfeiçoamento. “Não podemos aceitar que práticas antidemocráticas apareçam como sendo parte da democracia. É isso que prejudica a democracia e faz com que alguns queiram vê-la substituída por projetos autoritários”, esclarece.
Para Marcelo Nascimento o mandato deve estar umbilicalmente ligado a defesa da democracia e da justiça social, sempre com a participação das comunidades: “O exemplo será dado a partir do nosso mandato que terá Conselho Político representando as comunidades e os segmentos da sociedade civil organizada. Vamos propor ao Executivo o exercício do orçamento participativo para definir as prioridades da cidade”.
Melhorar Maceió
Os quatro candidatos do coletivo TODOS concordam que os problemas da capital alagoana são muitos e a maioria cobra soluções estruturais, de difíceis soluções. Deixam claro que não vão somente criticar o que está errado, mas pretendem participar do esforço para resolvê-los, mas sempre contando com o envolvimento da sociedade.
Zé Roberto apresenta, como exemplo, o papel que vem sendo desempenhado pelo SUS, pelos agentes de saúde e pelos profissionais dessa área durante a pandemia, e indaga se todos estes setores não deveriam participar das discussões sobre o futuro da saúde pública em Maceió.
“Nosso mandato se propõe a debater com estes profissionais, obtendo análises técnicas especializadas e as sugestões de quem conhece a fundo as necessidades que precisam ser atendidas pela Prefeitura de Maceió para a nova realidade que surge após a pandemia”, indica Zé Roberto.
Marcelo Nascimento explica que Maceió, como outras cidades brasileiras, teve um crescimento desordenado, sem planejamento. Cita como exemplo a ocupação urbana nos bairros do Bom Parto, Levada e Dique Estrada, que apresentam problemas crônicos de saneamento básico, com alagamentos frequentes na rede de esgotos.
Para ele as políticas públicas implementadas são insuficientes para atender as demandas: “Esse debate é central nas eleições municipais deste ano”.
Por ter experiência na gestão pública da Educação de Maceió, Marcelo Nascimento aponta para a necessidade de ampliação do acesso à educação básica, além da promoção de melhorias estruturais nas escolas e do oferecimento de melhores condições de trabalho para os profissionais da educação.
Confiantes na vitória
Explicando que o mandato coletivo pleiteado se dará oficialmente a partir do voto em Zé Roberto, por exigências da legislação que ainda não admite o registro coletivo de nomes, o grupo esclarece que são participantes da chapa do Partido dos Trabalhadores, e que o PT apresenta as candidaturas majoritárias de Ricardo Barbosa à Prefeitura de Maceió, tendo como vice a jornalista Elida Miranda.
Avaliando que esta chapa pode eleger até dois vereadores, Zé Roberto afirma que o apoio recebido pelo grupo tem sido surpreendente e que isso se deve, principalmente, a ser esta uma proposta nova e que os candidatos são pessoas de credibilidade em suas atuações políticas.
Marcelo Nascimento também demonstra confiança na candidatura do coletivo TODOS, por ser uma proposta inovadora no campo da esquerda e por ter densidade eleitoral. “Não é uma tarefa fácil, considerando a atuação dos políticos fisiológicos, mas, para nós nunca foi fácil a conquista de espaços no parlamento e no executivo”.
“Acredito muito em nosso projeto”, analisa Gustavo Pessoa. “Não subestimo o eleitor de Maceió, que vai entender a nossa proposta, principalmente por representar a possibilidade de mudança na forma tradicional da representação popular. Acho que o campo progressista vai voltar a ser representado na Câmara Municipal de Maceió, desta feita por um mandato diferente”.
Para concluir a entrevista, Danubia Barbosa conclama o engajamento dos diversos segmentos sociais no projeto. “Estamos conversando com todos os que têm interesse em dizer que Maceió nos pertence e que querem fazer o melhor por ela”.
