24 de setembro de 2020 11:46 por Geraldo de Majella
1982, o Brasil era governado pelo general João Figueiredo. Havia dezesseis anos que os governadores passaram a ser indicados pelas Assembleias Legislativas. O PMDB apresentou o deputado federal José Costa como candidato a governador de Alagoas; a fraude derrotou o candidato oposicionista e Divaldo Suruagy foi eleito.
O PMDB elegeu uma bancada de deputados estaduais de inegável qualidade e com perfil ideológico diverso, da esquerda à centro-esquerda: Ronaldo Lessa, Eduardo Bomfim, Selma Bandeira, Moacir Andrade, Alcides Falcão, Ismael Pereira e Mendonça Neto.
Os vereadores eleitos surpreenderam até os mais otimistas: das 21 vagas, a oposição elegeu 13 vereadores e a situação, oito. A bancada de esquerda foi constituída por seis vereadores: Edberto Ticianeli, Jarede Viana, Katia Born, Freitas Neto, Fernando Costa e Guilherme Falcão. O PMDB era uma frente partidária e elegeu vereadores com perfil ideológico de centro e de esquerda, como Pedro Marinho Muniz Falcão, Jorge Lamenha Marreco, Bráulio Cavalcanti e Tito Cavalcanti.
A bancada de esquerda exerceu um papel importante na defesa dos interesses coletivos. A luta para que o Código Diretor de Maceió fosse o mais sensato possível e preservasse as áreas de interesse público como a orla marítima foi encampada. Os empreiteiros defendiam que a construção das edificações fosse de até 15 andares e sem recuo. Os bairros de Pajuçara, Ponta Verde, Jatiúca e Cruz das Almas ficariam parecidos com Boa Viagem, em Recife, e Copacabana, no Rio de Janeiro. Nessas cidades os edifícios são colados um no outro. A batalha foi ganha em beneficio da cidade, sendo aprovado o gabarito de até oito andares com recuo, a fim de garantir a ventilação para as ruas de trás. É a configuração que temos hoje e foi o que preservou a qualidade da orla de Maceió.
Em 2020 é fundamental eleger vereadoras e vereadores comprometidos com o direito à cidade. Os partidos de esquerda apresentam nomes que podem fazer a diferença na Câmara Municipal. O PDT tem Katia Born, Judson Cabral e Othoniel Pinheiro; o PT tem Eduardo Vasconcelos e duas candidaturas coletivas, a de José Roberto e a de Ana Pereira; o PSOL lança Lu Araújo e mais duas candidaturas coletivas: Tais Lane e Jamerson; a Rede apresenta Heloísa Helena; no PCB, Osvaldo Maciel encabeça uma candidatura coletiva; A Unidade Popular lança Magno Francisco e mais a candidatura coletiva de Vanessa Sátiro; e o PCdoB apresenta Claudia Petuba.
Entre esses nomes, a maioria é de candidatas(o)s pela primeira vez, mas há nomes com experiência no parlamento e no Executivo. É por essa razão que a aposta na eleição de uma bancada com perfil de esquerda e democrática é vital na atual conjuntura em que a ideologia fascista, expressa no bolsonarismo, tem como um de seus objetivos a destruição do Estado, principalmente dos serviços públicos, que são áreas às quais os pobres e os trabalhadores têm acesso.
A defesa da cidade como um bem para todos passa pela Câmara Municipal de Maceió. Na tragédia que Maceió vivencia, principalmente os moradores do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto e que tem como responsável direto a indústria química Braskem, não se ouve a voz dos vereadores nem do presidente da Câmara, menos ainda a do prefeito de Maceió e a do governador. Todos mantêm compromissos com a Braskem. Fazem-se necessários parlamentares que lutem pelos interesses coletivos.
A voz dos que não têm voz deve ser as vozes das vereadoras e dos vereadores de esquerda.