sábado 23 de novembro de 2024

JHC é produto de concessões públicas e de relações empresarial-religiosas

A atividade política tem feito a diferença em Alagoas e no Brasil, num mecanismo de ascensão social relevante e acima da média; os exemplos são encontrados aos borbotões.

26 de dezembro de 2020 3:33 por Geraldo de Majella

 

JHC e seu pai, João Caldas

A atividade política tem feito a diferença em Alagoas e no Brasil, num mecanismo de ascensão social relevante e acima da média; os exemplos são encontrados aos borbotões. O prefeito eleito de Maceió, JHC, é um jovem prodígio que ao completar 23 anos estreia no mundo seleto dos milionários, segundo consta em sua declaração de bens de 2010.

A atividade principal de JHC e da família tem sido a política; é inegável a ascensão social alcançada. O então deputado federal João Caldas, pai de JHC, criou a Fundação Quilombo. Segundo a Folha de São Paulo (18/6/2006), no governo FHC a Fundação recebeu uma TV educativa em Maceió e cinco emissoras de rádio no interior do Estado.

A sinceridade do ex-deputado federal é de impressionar. Disse à Folha que o envolvimento de políticos com a radiodifusão acontece em todo o país: “Não acredito que isso mude. As pessoas mais influentes são as que têm meios de comunicação, como ACM na Bahia, Orestes Quércia em São Paulo e a família Sarney no Maranhão. Comunicação dá voto”.

Essa é uma das chaves para entender como o jovem milionário, prefeito eleito de Maceió, foi formado. As concessões de rádios e televisão fazem parte da estratégia empresarial e política da família. A aliança empresarial-religiosa fechada entre os Caldas e as igrejas evangélicas de várias denominações é um empreendimento bastante lucrativo para ambas as partes.

Não há negócio bom apenas para uma das partes, assim dizem os experientes empresários do comércio e da indústria. Esse mecanismo de reprodução político e empresarial não é propriamente uma novidade.

É evidente que JHC tem outros méritos para alcançar tão alta posição, o fato de ser jovem e falar com esse segmento, e principalmente por veicular uma imagem de que é um político que pratica a Nova Política. Os partidos e os políticos foram satanizados nos últimos anos, abrindo-se uma fenda para políticos com o perfil do JHC. A mistura de política com religião é o amálgama de uma aliança conservadora, e mais que isso: reacionária. É o cenário ideal. Além de ter conseguido apropriar-se de uma sigla partidária, o PSB, que durante doze anos operou mudanças importantes na administração pública de Maceió e de Alagoas. O PSB, em Alagoas, tem sido cavalgado por JHC.

JHC é para ser observado com muito mais cuidado do que se imagina. É um jovem que não tem compromissos com classes sociais, mas pode servir à elite com desenvoltura, o que muitos membros da elite alagoana não conseguiriam na atual conjuntura. E tem um mentor espiritual, o seu pai, capaz de estabelecer ligações com a política tradicional sem que seja necessário comprometer o filho.

João Caldas é a mão invisível de JHC, um operador que não pode ser subestimado; não é um folclórico, como muitos pensam. Em dois mandatos como deputado federal, conseguiu concessões de rádios e televisão que surpreendeu aos mais tradicionais políticos de Alagoas.

JHC é produto de concessões públicas e das relações empresarial-religiosas.

União e olho vivo.

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