30 de janeiro de 2021 6:33 por Geraldo de Majella
A República completou 132 anos e o Brasil teve 38 presidentes; três são alagoanos: o proclamador de República, Manuel Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto e Fernando Collor de Mello. Outros políticos alagoanos assumiram cargos relevantes da República, como o senador Renan Calheiros, três vezes presidente do Senado Federal, e o deputado Aldo Rebelo, que presidiu a Câmara dos Deputados; ambos foram ministros de Estado.
Teotônio Vilela Filho e Renan Calheiros foram hegemônicos durante 16 anos, nos governos de FHC e Lula; a dupla se desfez nos governos Dilma Rousseff. A participação de políticos alagoanos no cenário nacional é antiga, mas a dobradinha Renan-Téo Vilela só pode ser comparada ao domínio da família Góis Monteiro entre 1930 e 1945; nesse período, Alagoas tornou-se uma propriedade desse clã familiar liderado pelo general Pedro Aurélio de Góis Monteiro.
Alagoas, ontem, assim como hoje, é um estado pobre e dependente da União. Nas últimas décadas aconteceram mudanças em todas as áreas: a infraestrutura viária avançou durante a ditadura militar, estradas, pontes, eletricidade, telefonia e abastecimento d’água cobriram todo o território e os indicadores sociais de um modo geral melhoraram.
O que não muda em Alagoas é a falta de planejamento governamental que, a depender da visão do governante, passa a ter visibilidade, mas não planeja efetivamente, pois cuida do orçamento de forma burocrática. O planejamento do Estado há muito deixou de existir, não tem voz ativa e nem altiva, os pacotes chegam prontos. Na melhor das hipóteses, os insights são transformados em ações que ganham uma “roupagem”, como se programas duradouros fossem.
O governador Renan Filho tem uma chance única para estruturar programas estratégicos de desenvolvimento com inclusão social, geração de empregos e renda destinados aos setores mais vulneráveis da economia do estado. Do investimento de R$ 5 bilhões de reais anunciado pelo governador para os próximos dois anos, uma parte dessa montanha de dinheiro deveria ser destinada para a agricultura familiar e para a cadeia produtiva do laticínio.
Os assentamentos da reforma agrária dispõem de aproximadamente 200 mil hectares, o que equivale à metade da área plantada de cana-de-açúcar. Esses 5 bilhões de reais podem inserir Alagoas na rota do desenvolvimento com inclusão social, associado ao que a iniciativa privada vem alavancando no setor de serviços, em especial na hotelaria.
É provável que o estado de Alagoas nunca tenha tido 5 bilhões em caixa e um governador licitar, sem que tenha destinação específica, a denominada verba carimbada. Essa montanha de dinheiro pode ser uma porta para o futuro, como pode ser instrumento de ainda mais concentração de poder e renda. Se assim ocorrer, não mudará o malfadado destino de Alagoas.
1 Comentário
E o fundo da previdência, como fica? Alguma verba poderia ser destinada para garantir os futuros aposentados, não é?