3 de fevereiro de 2021 6:47 por Geraldo de Majella

O deputado Arthur Lira (PP) tem 52 anos e está no oitavo mandato parlamentar: dois como vereador de Maceió, três mandatos como deputado estadual e três como deputado federal.
Jornalistas que analisam a política nacional têm feito referências aos 302 votos que lhe deram uma vitória acachapante para a presidência da Câmara Federal. Dizer que o governo liberou 3 bilhões em emendas parlamentares para garantir a vitória do deputado alagoano não é novidade, pois em todas as eleições da Câmara bilhões de reais são liberados para garantir, construir maioria ou comprar deputados. O verbo, cada um escolhe o que lhe convém.
A vitória de Arthur Lira sobre o deputado Baleia Rossi (MDB) é uma demonstração de força do Centrão e dos deputados que se agruparam em torno do deputado e do governo. O fato relevante é o presidente da República encontrar-se fragilizado, sob ameaça de processos, e nessas condições o Centrão se agigantou.
Nesse campo, o deputado Arthur Lira é uma águia: sabe como poucos atuar no sentido de montar grupos dentro do parlamento e pragmaticamente assumir a liderança. Esse caminho foi percorrido quando assumiu informalmente a liderança do governo e passou a negociar a reforma da previdência.
Arthur Lira ganhou a eleição com tudo que o governo pode oferecer aos deputados individualmente, aos governadores e às bancadas, mas o que sobressaiu foi a consigna “é cumpridor de acordos, tem palavra”. Seja lá o que isso significa entre os políticos, a palavra empenhada tem mais valor do que contrato registrado em cartório.
O fato é que emergiu no cenário político nacional um ator pouco conhecido da mídia e da elite brasileira. O poder concentrado em suas mãos o Brasil terá oportunidade de conhecer; diferentemente de Rodrigo Maia, que fala pelo mercado financeiro e este o reconhece como um dos seus tentáculos no parlamento. O deputado alagoano é de outra cepa; não será hostil ao mercado, mas as suas bases de sustentação são os organismos do Estado.
A sua força são as estatais, as emendas parlamentares e o longo braço do centenário Estado brasileiro. Há na base que o elegeu defensores do mercado, mas a maioria quer o Estado como ele se encontra. O Estado é uma fonte inesgotável de poder e de riqueza.
Em 2022, Alagoas conhecerá o tamanho e a força de Arthur Lira como presidente da Câmara Federal. É provável que tenha início um novo círculo de poder em Alagoas.
Arthur Lira será o primeiro-ministro com força real de um governo presidencialista que está se esvaindo. Quanto mais fraco o presidente da República, mais forte será o presidente da Câmara dos Deputados.