25 de março de 2021 1:02 por Geraldo de Majella
Bolsonaro hibernou durante 28 anos na Câmara Federal e nunca foi ouvido para absolutamente nada. Foi um dos mais longevos deputados do baixo clero no pós-ditadura militar. A sua atuação errante na presidência da República tem como consequência mais de 301 mil mortes pela pandemia do coronavírus. Segundo estimativas feitas por especialistas, o Brasil atingirá 500 mil mortos até a população ser vacinada num percentual que possa bloquear a propagação do vírus.
Esse cenário dantesco tem incomodado o andar de cima da economia brasileira, os banqueiros, empresários de diversos setores e ex-ministros da economia, que lançaram um manifesto pedindo ação governamental no combate à pandemia, inclusive o lockdown e o auxílio emergencial. Nada antes desse manifesto havia mobilizado mais as forças políticas e com tanta rapidez do que o trombeteamento do mercado financeiro à frente.
O pragmatismo político é o norte da atuação do deputado Arthur Lira, que tem a seu favor expertise na relação com o poder. A sintonia estabelecida com o senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, é uma sinalização clara para o mercado financeiro ‒ o empresariado (os grandes) e a mídia nacional (leia-se: O Globo, O Estado de S. Paulo, Folha, Veja, RBS) ‒ de que há uma possibilidade de garroteamento de Bolsonaro.
A matriz da mudança de posicionamento dos presidentes da Câmara e do Senado é o manifesto dos banqueiros. A articulação política passou a ser construída a partir do Centrão para, num primeiro momento, reduzir o poder ofensivo da Presidência da República. O sinal amarelo anunciado por Arthur Lira em seu discurso não é uma frase de efeito, quero crer, mas uma evidência de que há um plano em marcha.
O sinal emitido por Arthur Lira é claro: “Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos, e são todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável. Não é esta a intenção desta Presidência. Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, frutos da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política”.
O deputado Arthur Lira é o terceiro na linha de sucessão da Presidência da República; foi convocado pelos barões da economia nacional para jogar. Talvez o deputado não conheça a célebre frase do técnico de futebol Gentil Cardoso: “Quem se desloca recebe, quem pede tem preferência”.
O deputado sabe se posicionar em campo e tem disciplina tática. “A bola corre com o tempo”, como dizia um antigo locutor de futebol alagoano.