27 de março de 2021 8:23 por Geraldo de Majella
A escritora Jane Assumpção nasceu em Maceió, é médica e professora aposentada da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), onde se graduou em Medicina; é mestra e doutora em Patologia. A convivência com os avós, ouvindo histórias durante a infância e adolescência, foi com o tempo sedimentando gostos e hábitos percebidos muitas vezes anos depois, já adulta, e agora na condição de mãe e de avó.
A memória de família acompanha a escritora de tal maneira que o registro foi realizado através de uma fina narrativa do que ouvira quando criança de suas avós. No seu tempo, como mãe e avó, também passou a contar histórias e a pintar para os seus filhos e netos.
A história e a literatura trabalham o passado das pessoas, das famílias, das cidades; a memória reescreve fatos e os conecta aos saberes transmitidos de geração a geração, reintroduzindo hábitos muitas vezes esquecidos pelas famílias e estabelecendo ligações com o passado, em que a convivência com os avós e tios fazia parte do cotidiano familiar.
Os protagonistas com quem Jane Assumpção conviveu não vivem fisicamente o ambiente familiar; o que continua presente é a memória, a história de cada um. Agora, em forma de livro, terão a imortalidade de suas histórias que, certamente, não eram deles, mas dos familiares que os antecederam.
“Histórias de Avós e Netos” (Viva, 2021) é o vetor pelo qual a história da família, cultivada, recontada e enriquecida, será lembrada a qualquer tempo. O livro preserva a memória, a história e os afetos da família e da sociedade, na leitura mais ampla.
O seu primeiro livro, “A família do engenho Castanha, uma história desde antigamente” (Viva, 2019), é um trabalho em que a autora levanta os dados históricos de um antigo engenho de açúcar no norte de Alagoas, no município de São Luiz do Quitunde. É a história ou parte da história da família Gusmão, e também a história de Alagoas, tendo como referência a região Norte, o antigo engenho Castanha, há muito tempo desativado, mas ainda hoje propriedade da família. São 183 anos sob o domínio dos Gusmão. Os dois livros foram lançados pela Viva editora.
O que a levou a escrever este livro?
– A minha família era muito agregada, nossos pais eram muito presentes na vida dos filhos. E eu era muito próxima à avó materna, alguém muito especial, de quem herdei o hábito de ler e gostar de histórias, que ela sabia contar muito bem. Mais tarde, acompanhei a infância de nossos filhos; meus netos mais velhos estiveram comigo bons anos da infância. Era minha vez de lhes contar histórias. Todos eles, filhos, sobrinhos e netos, conviveram no campo, naquele espaço todo, tão propício às brincadeiras. Logo, histórias que crianças e adultos viveram não faltavam.
Foi assim que os bons, inocentes e divertidos momentos da vida em família, desde minha infância à dos netos, momentos tão caros a mim, levaram-me a escrever com muito gosto este livro.
Como você definiria o estilo da escrita desse livro?
-Trata-se de memórias com inclusão de imaginação à realidade. Todas as histórias aconteceram. Abrangeram um período que vai da década de 1950 até os dias atuais. Apesar de atingir épocas diferentes, elas situam-se sobre um mesmo fator: a candura da infância e uma vida familiar saudável.
Sua narrativa não inclui tristeza, mesmo no conto “Sinos de Natal”. Qual sua intenção para com o leitor, criança ou adulto?
– Que é possível viver um cotidiano simples e amável, muitas vezes a depender de nós e de nossos valores. O fantástico e mágico, que resolvem as dificuldades tão em breve, não existem no livro. Mas milagres sim.
Espero que a leitura do livro conduza os leitores, crianças e adultos, a momentos agradáveis, a uma realidade amena, leve, bem diferente da nossa realidade atual.
HISTÓRIAS DE AVÓS E….
Nesse livro, Jane nos presenteia com memórias na forma de contos. É o tipo de leitura que nos dá um nó na garganta e mareja os olhos de tanta vontade de fazer o tempo voltar e saborear todos os lindos momentos da infância mais uma vez.
Os contos se alternam entre suas memórias de infância e de idade adulta, mas sua fé também tem importante espaço neste livro com as comemorações cristãs. A família é um ponto central e quem a conhece, facilmente identificará os personagens reais por trás dos codinomes escolhidos para as histórias.
A autora descreve a inocência de criança enquanto neta e filha e como mãe e avó nos passa as histórias com olhos que autorizam e divertem-se com as reinações dos pequenos. Mas não é só isso, os animaizinhos de estimação, tão queridos, também ofereceram memórias agradáveis que preenchem algumas dessas páginas, assim como um passeio pelo mundo da fantasia.
Os contos são verdadeiras histórias de amor. Uma leitura leve, engraçada e comovente ao mesmo tempo.
Chris Couto é neuropsicóloga
Março de 2020
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