24 de abril de 2021 11:38 por Geraldo de Majella
Desde o dia 14, quando o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou por dez votos a um a instalação da CPI da Covid, que o Presidente Bolsonaro perdeu o sossego. A decisão do STF o fez procurar reduzir os danos que são inevitáveis e tentar cooptar senadores. Não logrou êxito na empreitada ao tentar impedir que o senador Renan Calheiros fosse o relator da CPI.
Resolveu mudar a estratégia. Aconselhado pelos auxiliares, ligou para o governador de Alagoas, filho do senador Renan. Derrotado nas primeiras batalhas, buscou um acordo ou uma possível trégua. O Brasil ainda não sabe quais os termos propostos.
Bolsonaro nunca foi articulador de absolutamente nada na Câmara Federal durante os 28 anos em que foi parlamentar. O fato de ter adquirido por empréstimo o passe do Centrão não lhe garante longa vida, principalmente quando a popularidade está em queda livre. Todos sabem, inclusive as emas do Palácio da Alvorada, que a base parlamentar é volúvel. O ritmo da CPI é que vai dizer quem ficará com o governo.
A Tancredo Neves, político mineiro, é atribuída a frase: “Peça tudo a um político, só não peça que cometa o suicídio político”. A sabedoria dos velhos políticos é cultivada, no mínimo, como referência de uma época.
Renan andou e conviveu ainda jovem com as raposas felpudas da política nacional e local; moderou os ímpetos de jovem militante de esquerda que levava tudo a ferro e fogo e hoje é um político matreiro com sete vidas, como gatos. Sabe que a “vingança é um prato que se come frio”.
Bolsonaro e os bolsonaristas vão provar mais rápido do que pensaram os dissabores de uma CPI. Nesse campo, não há fake news que os proteja. A exemplo do jargão do jogo do bicho: vale o que está escrito. E muita coisa foi escrita, dita e gravada sobre a cloroquina e a morte desdenhada de milhares de compatriotas.
Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, atacados por Bolsonaro, subiram ao palco com iluminação, som e plateia para ouvi-los sobre o que foi apurado nos porões do Palácio do Planalto, de onde emanam as ordens que deixaram milhões de brasileiros sem vacina no tempo correto e têm levado milhares à morte. Esse genocídio é a única obra em execução do governo federal.
Bolsonaro talvez não saiba que a lua de mel acabou. Agora chegou a hora em que a criança chora e a mãe não ouve.
Com a palavra os senhores senadores da República.