15 de maio de 2021 8:41 por Geraldo de Majella
O senador Renan Calheiros é um dos políticos que foi levado ao inferno pela Organização Criminosa (Orcrim) formada no interior do Estado brasileiro, autodenominada de Operação Lava Jato. Essa Orcrim foi desbaratada por obra do hacker Walter Delgatti de Araraquara (SP), que numa demonstração patriótica entregou os arquivos das conversas dos procuradores de MPF com o ex-juiz Sérgio Moro ao jornalista estadunidense Glen Greenwald do The Intercept.
Renan Calheiros, Lula e muitos outros tiveram os seus direitos usurpados e sofreram perseguições comparáveis ao tempo da ditadura militar. Não pretendo fazer juízo de valor das posições políticas do senador Renan Calheiros; acompanho-o desde o final da década de 70, quando ainda era estudante e se elegeu deputado estadual em Alagoas.
O inferno, tudo indica, será vivenciado pelo presidente Bolsonaro. Segundo a crença popular, o diabo senta à mesa como um dos interrogadores e relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, não veste Prada e atende pelo nome de Renan Calheiros. Está evidente que o senador não domina os demais, mas exerce influência e tem experiência parlamentar comprovada.
A CPI da Covid poderá ser o sangradouro necessário para impulsionar a derrota de Bolsonaro e da extrema direita que está alojada no Palácio do Planalto. Os depoimentos prestados até agora contribuíram para iniciar a desestabilização do presidente da República e do seu entorno.
Ao ressurgir do inferno, o senador aparece na ribalta, de onde passa a emitir sinais que oscilam entre a fúria incontida e a serenidade necessária para inquirir as testemunhas. A sua performance o tem levado à lua de mel com a mídia nacional, uma das responsáveis pela eleição de Bolsonaro e pelo linchamento diário dos acusados pela Lava Jato.
A política, assim como o futebol, leva a massa ao delírio num momento e, logo em seguida, a apupos e xingamentos. O mea-culpa envergonhado de certos setores está acontecendo sem alarde; a grande imprensa, nem toda ela, há os recalcitrantes como o grupo O Estado de São Paulo, mas até mesmo as organizações Globo começam a realizar a cobertura jornalística sem a faca entre os dentes. Lula e Dilma Rousseff, ora vejam, têm aparecido sem que a notícia seja acusatória, mas factual, como nunca deveria ter deixado de acontecer.
As cartas estão sendo jogadas na CPI. As ruas ainda não foram ocupadas pela oposição, mas isso não tardará a ocorrer. A mobilização a ser realizada deve ocorrer pelas redes sociais cada vez mais. A última pesquisa Datafolha serve de parâmetro para a oposição aumentar a mobilização e o isolamento do Bolsonaro.
A CPI será um caminho ou a luz que ilumina as trevas a que o país foi submetido.