17 de maio de 2021 1:55 por Geraldo de Majella
A morte do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, tem sido comentada como a perda de uma liderança em ascensão no Brasil. Uma morte prematura, aos 41 anos. O político paulista tinha como referência o avô, o ex-governador e um dos fundadores do PSDB, Mário Covas.
Bruno Covas se posicionava ao centro, não era anticomunista ou antipetista por convicção, nem se utilizava do oportunismo midiático eleitoral com esse tipo de discurso. A morte muitas vezes tende a arrefecer as críticas e até a fazer esquecer os erros dos políticos ou das pessoas públicas em geral. O caso do Bruno Covas é diferente, os seus principais adversários o reconheciam com essas qualidades.
A formação política do ex-prefeito de São Paulo não aconteceu nas lutas populares, mas no aprendizado diário com o avô, Mário Covas, um político com uma longa trajetória no enfrentamento à ditadura militar, o que lhe custou a cassação do mandato e a suspensão dos direitos políticos por dez anos.
O centro como espectro da política brasileira tem perdido as referências, num fenômeno que acomete a política nacional nas últimas décadas. Os nomes de Mário Covas, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves e Teotônio Vilela, para ficar nesses, com variações conjunturais à esquerda, como foi o caso de Teotônio Vilela. O centro era o ponto de equilíbrio no Congresso Nacional e, também, nos estados. O PSDB procura se renovar, tem dificuldades naturais pelo peso específico dos seus caciques; o estado de São Paulo é o seu principal bastião e a sua fortaleza quase inexpugnável.
A renovação política não carrega em si o arquivamento dos mais velhos e experientes ‒ isso serve para qualquer um dos partidos políticos. Dois jovens políticos despontavam, cada um com suas características pessoais, no processo de renovação tucana: o atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e Bruno Covas.
A crise política necessita de políticos dos três campos ‒ esquerda, centro e direita ‒ para que seja possível a sua superação. A extrema direita que ocupa o Palácio do Planalto é um déjà-vu que remete ao período ditatorial militar. Uma das saídas da crise políticas é unir as forças que defendem a democracia para enfrentar esse monstro canhestro que ocupa a Presidência da República.
A democracia só é pujante quando as ideias disputam a preferência da sociedade. As eleições na cidade de São Paulo em 2020 são um caso a ser analisado.
Que a terra lhe seja leve.