5 de junho de 2021 9:57 por Geraldo de Majella
O vídeo da reunião coordenada pelo presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto comprova a existência do Gabinete Paralelo que instituiu o negacionismo como política estatal na área da saúde. O resultado prático tem sido o atraso na compra das vacinas, a distribuição de cloroquina e outros medicamentos que não servem para tratar a doença, mas que podem agravar o quadro clínico e até matar.
O Brasil, pelas projeções dos pesquisadores brasileiros e internacionais, pode alcançar a marca dos 700 mil mortos até o final de 2021; em poucos dias chegará aos 500 mil mortos.
A desfaçatez da médica Nise Yamaguchi, uma das responsáveis pela tragédia, ao depor na CPI da Covid e negar a existência do Gabinete Paralelo, com o vídeo cai por terra, sem querer fazer trocadilho com nome do deputado Osmar Terra (MDB-RS), por este ser o principal conselheiro da Presidência da República e ministro ad hoc. Assim é tratado por Bolsonaro.
O que salta aos olhos é a consciência de cada um dos presentes à reunião de que está orientando milhões de pessoas para a morte, os brasileiros e as brasileiras que seguiram e ainda os seguem, e por isso mesmo estão sobre o cadafalso construído pelo presidente da República e por esses “profissionais da saúde”.
A CPI da Covid tem à disposição provas da participação desses profissionais que contribuíram para que milhares de pessoas tenham morrido na pandemia, e milhões continuem se automedicando com drogas ineficazes.
É comum ouvir os médicos referirem que estão numa guerra. O uso dessa expressão não é figurativo, diante das dificuldades e por estarem tratando de tantos doentes em condições precárias, submersos em jornadas de trabalho extenuantes para salvar vidas.
O presidente da República nega apoio, arregimenta médicos e médicas e comunicadores para fazer coro e negar o direito de as pessoas serem salvas e tratadas com dignidade. Essa ação criminosa tem saído da denúncia política, no primeiro momento, para as comprovações materiais de crime hediondo e com prática continuada. A série de crimes cometidos e ainda em andamento configura crimes de lesa-humanidade por serem praticados de maneira sistemática contra a população brasileira e com repercussão internacional.
Bolsonaro precisa ser informado de que não existe crime perfeito.