20 de setembro de 2021 9:36 por Mácleim Carneiro
Quando duas ou mais linguagens se propõem a dialogar musicalmente, o resultado tende a ser satisfatório. Pelo simples fato de que todo diálogo é salutar.
Porém, corre-se algum risco, quando as linguagens são tão díspares que não possibilitem qualquer diálogo. Teremos, então, a tentativa frustrada de acondicionar no mesmo embrulho do balconista Theobaldo, um coco, um velocípede e uma lata de doce. Como diria o velho Beigon.
Pois bem, definitivamente, essa hipótese passou bem longe do prodigioso show Pifes & Batuques, capitaneado pelo virtuose Chau do Pife, em mais um espetáculo musical da 16ª edição do projeto Teatro Deodoro é o Maior Barato.
Como encantador de uma flauta mágica – fazendo referência à obra de Mozart, cujos conceitos de liberdade e fraternidade, presentes na ópera, também foram constantes no palco, àquela noite –, Chau do Pife trilhou caminhos melódicos com os seus fiéis seguidores rítmicos, sempre um passo atrás do mestre, porém, com a perfeição necessária ao andamento seguro e preciso de quem desbravava novas possibilidades.
E tudo começou com a força dos alfaias no baque do maracatu, seguindo sem demora para um baião, onde os percussionistas Barbara Moraes, Cadu Ávila e Diogo Silvestre mostraram versatilidade na alternância dos instrumentos.
No mesmo fôlego, sem tempo a perder, a exuberância rítmica do Boi de Carnaval encheu o teatro e o peito da plateia de uma alagoanidade legítima.
Até aí, tudo aconteceu sem o Chau do Pife dar uma palavra sequer. Isso, por si, demonstrava que o show tinha direção, que havia uma determinação nesse sentido, pois uma das coisas que o Chau mais gosta e sabe fazer bem, é se comunicar com o público. Faz parte do seu carisma, da simplicidade singela e sincera de um grande artista popular.
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!???