11 de dezembro de 2021 2:26 por Mácleim Carneiro
O engajamento ideológico do xote Sem Remédio e Sem Doutor, que está no disco do Primeiro Festival Universitário de Música da UFAL, entre outros fatos pitorescos, rendeu-me uma convocação para prestar esclarecimentos ao Departamento de Censura da Polícia Federal, à época, responsável pela liberação, ou não, das canções que seriam gravadas.
Pois bem, o refrão diz: “E chora fio, chora muié / e vem dizer que é Deus que qué / e me abuso sei que não é / se ta na cara que é coisa dos coroné”.
Fui bem recebido pelo agente da PF que, cordialmente, até me ofereceu um cafezinho. Mas ele queria mesmo era saber se o coroné do xote pertencia ao Exercito ou Aeronáutica.
Eu ainda não tinha lido O Capital, nem o Manifesto Comunista, de Karl Marx. E nem precisava lê-los para entender o significado da ação do poder econômico sobre o proletariado.
Eu vinha de Murici, vivi o tempo todo cercado pelas usinas de cana-de-açúcar e suas relações esdrúxulas com os trabalhadores.
Conhecia de perto a exploração desumana, a crueldade e arrogância dos usineiros e seus asseclas.
Portanto, era a esse coroné que a música se referia.
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!???