30 de dezembro de 2021 2:27 por Mácleim Carneiro
Certa vez, lendo a ótima matéria ‘O Radical’, sobre o diretor teatral Roberto Alvim, encontrei a seguinte afirmação dele, com a qual concordo plenamente: “A função da crítica é formar conceitos. Que conceitos ela cria hoje? Eles dizem: ‘A peça é incrível, tem um humor cáustico, fulano está muito bem em cena.’ Isso é só valoração, adjetivação. Sem criação de conceitos, uma arte não evolui.”
Pois bem, tenho a impressão de que a banda Mopho, desde o seu nascimento e ao longo dos seus mais de 20 anos de carreira, foi a banda local mais rotulada com as modinhas jornalísticas da vez, travestidas de epítetos que conceituavam o seu trabalho como retrô, rock progressivo, psicodélico e coisas do gênero.
Portanto, a Mopho já foi conceitualizada em demasia! E, sinceramente, apesar de concordar com a afirmação de que sem criação de conceitos, uma arte não evolui, não foi por aderência lógica e conceitual que a Mopho evoluiu até chegar ao seu quarto álbum, ‘Brejo’.
Ocorre que o título Brejo, por si só, parece encharcado de conceitos ou, no mínimo, sugere alguma reflexão conceitual.
Basta uma simples pesquisa para sabermos que, por definição, brejo “é o terreno alagado, de consistência amolecida, com seres vivos adaptados ao meio.” Mas também encontraremos no Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, que “brejo é sinônimo de pântano, terreno sáfaro, agreste, onde só medram urzes.”
Por isso, a melhor definição conceitual do nome ‘Brejo’, para este trabalho da Mopho, é mesmo a que um dos dois únicos remanescentes da formação original da banda, João Paulo, formulou: “A palavra tem uma sonoridade simples, uma grafia curta, e remete à questão do Nordeste, do interior, o lance dos brejos. Tem sonoridade.”
Brejo oferece o bilhete verde, para qualquer geração embarcar rumo à criatividade mimética, que a Mopho proporciona.
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!???