18 de fevereiro de 2022 11:41 por Mácleim Carneiro
Existe uma tradição na diplomacia que está prestes a se acabar. Os tempos são do politicamente correto e dos fóbicos temores de vazamentos na internet. Tudo bem que é uma invenção britânica, recheada da arrogância e empáfia dos lordes de sua majestade. Refiro-me a uma espécie de carta de despedida, que permite ao embaixador, ao deixar o posto, escrever o que pensa, sem restrições, sobre o país que deixa para trás.
A revista Piauí publicou, em sua edição de número 38, a carta de despedida de um peso-pesado da diplomacia inglesa no Brasil: Sir G. A. Wallinger, embaixador no Rio de Janeiro, de 1958 a 1963. Nas treze páginas escritas por ele, em abril de 1963, sua percepção do Brasil e da política brasileira caberia como uma luva na safadeza atual. Aliás, pelo andar da carruagem, lamentavelmente, as coisas não vão mudar nem tão cedo. Veja só o trecho abaixo, da carta do embaixador, e descubra o que mudou de lá pra cá. Se não conseguir, descubra ao menos onde está o Wally. Mas, que sirva-nos de conselho para as próximas eleições.
“… Embora o presidente dependa do Congresso para a aprovação de leis, a influência do Poder Legislativo na condução da política está viciada pela natureza primitiva da organização dos partidos políticos. Os partidos apesar das implicações ideológicas de suas denominações, são essencialmente clubes políticos, criados para prover maquinas eleitorais a seus membros; estes, por sua vez, são homens que optaram pela atraente, lucrativa e “suja” carreira política; são frequentemente desprovidos de qualquer compromisso social ou ideológico, ou do sentido de servir à nação. Como consequência, a lealdade partidária é subordinada ao interesse próprio.”
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!!