19 de março de 2022 12:40 por Redação
Atendo-se ao fato de que Pierre Lévy, em seu livro “Cibercultura”, sustenta a tese de que “a emergência do ciberespaço é fruto de um verdadeiro movimento social, com seu grupo líder (a juventude metropolitana escolarizada), suas palavras de ordem (interconexão, criação de comunidades virtuais, inteligência coletiva) e suas aspirações coerentes”, temos então o conceito de Rede de Comunicação/Informação reelaborado sob o ponto de vista de um dos vetores contemporâneos. No entanto, não inviabiliza entendermos Rede de Informação como, simplesmente, uma estrutura de origem pretérita e básica para a humanidade, sobretudo, no que cabe chamar de processo humano evolutivo. Em outras palavras, temos a utilização da mídia, da prática jornalística, da Rede, da WEB, como espaço de diálogo, de reelaboração das informações, transformando o conhecimento em instrumento de cibercidadania.
Atualmente, a Rede das tecnologias de informação e de comunicação, tem sido o carro chefe de qualquer análise da sociedade em Rede, tendo a Internet como área de estudo e trabalho. Portanto, as práticas jornalísticas vêm sofrendo mudanças em função dessa nova ordem. Se, historicamente, temos lá atrás, com os gregos, o teatro como um dos primeiros simulacros de mídia, atualmente uma infinidade de suportes podem ser observados como naturais e previsíveis continuidades evolutivas dos primeiros processos de comunicação e informação que, desprovidos de aparato tecnológico, foram e ainda são fundamentais, como princípios em sua origem e fundamentos.
Filtragem, Triagem e Validação
Portanto, a ideia sugerida pelo próprio Pierre Levy de um possível desaparecimento do Jornalismo (ou pelo menos dos Jornalistas, enquanto intermediários), em função do desenvolvimento da Internet, soa cada vez mais como uma simplificação descabida. Até porque, como citou Dominique Wolton, em texto publicado na revista de produção científica FAMECOS, “a Rede pode dar acesso a uma massa de informações, mas ninguém é um cidadão do mundo, querendo saber tudo, sobre tudo, no mundo inteiro. Quanto mais informação há, maior é a necessidade de intermediários (jornalistas, arquivistas, editores, etc.) que filtrem, organizem e priorizem. Ninguém quer assumir o papel de editor chefe a cada manhã. A igualdade de acesso à informação não cria igualdade de uso da informação. Confundir uma coisa com a outra é tecno-ideologia”.
Ele ainda chama a atenção para a impressionante capacidade da Rede, no que se refere à oferta de Informação e de Bancos de Dados, mas deixa claro que tal massa de Informação requer, e cada vez mais, processos profissionais de filtragem, triagem e validação. Portanto, as características do Jornalismo na Web aparecem como continuidade e potencialização e não, necessariamente, como rupturas com relação ao jornalismo praticado em suportes anteriores. Se, de fato, observarmos o que constitui o Jornalismo na Web (interatividade, multimidialidade, hipertextualidade, instantaneidade e atualização contínua, memória, personalização), de uma forma ou de outra, todas as características citadas podem ser encontradas em suportes jornalísticos anteriores, como o impresso, o rádio e a TV.
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!