29 de abril de 2022 8:06 por Mácleim Carneiro
Passava um pouco das 16 horas de uma de sexta-feira qualquer. Chequei em casa e assim que entrei ouvi um som, uma música bastante familiar. Daquelas que escuto diariamente fazendo a programação musical da Rádio Educativa FM. Estranho, pensei, tinha certeza que não havia deixado o rádio ligado e, além do mais, me pareceu distante, fora do meu apartamento. Procurei de onde vinha e tive uma grata e raríssima surpresa: era de um rádio na piscina do condomínio vizinho ao meu prédio.
Foi felicidade instantânea! Para mim, é raro observar, que não seja em ambientes ou pessoas comuns a mim, alguém fruindo o trabalho que faço lá na Educativa. A cena era essa: um cara de mais ou menos uns 36 anos, dentro da piscina e com um rádio sintonizado na Educativa FM. Tudo bem, era ele e somente ele, não havia mais ninguém, porém, para mim, aquela cena foi a glória! Sobretudo, por se tratar da piscina daquele condomínio, território livre e fértil para a música da pior espécie que se pode imaginar, sempre associada ao volume altíssimo e torturante.
Musa Improvável
Não sei como me contive para não gritar, da janela do apartamento, um obrigado! Valeu! Parabéns!… Ou qualquer coisa que reforçasse naquele sujeito o quanto era significativa a sua escolha e opção musical. Daí, a cada música nova eu ia até a janela para tentar perceber qual a reação do cara. Mas, como tudo que é interessante logo acaba, numa dessas minhas idas à janela, percebi que havia chegado duas jovens, uma loira e uma morena. Ato contínuo, a morena, de cabelos negros, foi até ao aparelho de rádio e mudou de estação, sintonizando na bagaça costumeira aos diais comerciais e jabaseiros. Justo quando o Lenine cantava ‘Dois Olhos Negros’. Aliás, bastaria um pouquinho só de bom gosto e sensibilidade, para aquela jovem (de prováveis olhos negros) abstrair e até se perceber musa para aquela canção.
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!