19 de dezembro de 2022 6:03 por Da Redação
A chapa de candidatos a deputado federal do partido União Brasil (UB), vem sofrendo baixas, com as desistências dos candidatos João Caldas e Marcius Beltrão. Antes dessas desistências, estimativas davam conta da possível eleição de dois deputados no grupo, cujo principal articulador é o deputado federal Arthur Lira (PP).
Os bastidores indicam que Caldas e Beltrão desistiram por “acordos” não cumpridos, e também pela pressão de Lira sobre os candidatos que se filiaram ao UB, sem o compromisso de votar em Rodrigo Cunha (UB). A opção deles seria o governador Paulo Dantas (MDB).
Nesse cenário, os adversários de Arthur Lira montaram a Operação Desmanche, cujos efeitos práticos vem reduzindo consideravelmente os apoios aos candidatos apresentados pelo UB. Com um detalhe, a chapa de federal do PP, partido de Lira, é entusiasta da desidratação das candidaturas do União Brasil.
As articulações da Operação Desmanche atingiram diretamente a candidatura do ex-secretário de Segurança Pública, Alfredo Gaspar.
O destino do todo poderoso Alfredo Gaspar foi depositado nas mãos de Arthur Lira e no caixa do UB.
Tranquilidade ameaçada
Ex-procurador geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto amealhou fama como xerife do Ministério Público Estadual (MPE) ao coordenar operações espetaculosas, cujos alvos eram políticos com e sem mandato. Em 2020, afastando-se do MPE, foi candidato à prefeitura de Maceió, chegando ao segundo turno com uma votação expressiva: 156.704 votos. Mas perdeu para JHC.
Em seguida, foi nomeado pelo governador Renan Filho (MDB) secretário de Segurança Pública, outro palco, agora no Executivo, onde brilhou e posou para os holofotes. Sua gestão tem o peso de ter intensificado ações policiais violentas nas grotas e favelas de Maceió.
Este ano, decidiu deixar o cargo e ser candidato a deputado federal pelo MDB, partido ao qual se filiou em 2020. Estranhamente, mudou de ideia e migrou para o grupo do deputado federal Arthur Lira que, segundo ex-aliados, lhe garantiu apoio logístico, transferência de votos em redutos fechados e cota financeira polpuda do Fundo Partidário.
Alfredo Gaspar estava tranquilo e, inflado por pesquisas de consumo interno, sentindo-se eleito.
As projeções eram que juntando Alfredo Gaspar, João Caldas e Marcius Beltrão, a chapa de federal do UB poderia ter de 240 mil a 270 mil votos. Com a votação dos demais candidatos, os chamados rabo de chapa, essa votação poderia alcançar 340 mil votos, garantindo a eleição de dois federais. Um deles, Alfredo!
Rota alterada
Porém, o céu de brigadeiro tornou-se turbulento. Decidido a manter o compromisso de votar no governador Paulo Dantas (MDB), candidato à reeleição, para manter espaço no governo estadual, e em Renan Filho (MDB), enredado em briga familiar e pressionado por Arthur Lira, o ex-prefeito de Penedo, Marcius Beltrão, desistiu da candidatura.
Já o ex-deputado João Caldas (PSB), experiente em negociações desse tipo, não sentiu firmeza nas tratativas para viabilizar sua candidatura e também desistiu. E ainda ameaçou tirar o PSB da coligação do candidato Rodrigo Cunha (UB).
Com a mudança no cenário, Alfredo Gaspar passou a temer a derrota. Agora, o ex-secretário vem tentado, sem êxito, se aproximar de prefeitos e deputados.
Porém, nenhum deles esquece o vídeo em que, como justificativa para ter deixado o MDB, o ex-procurador afirma que não aceitou a aliança entre Renan Filho (MDB) e o deputado estadual Marcelo Victor (MDB) para levar Paulo Dantas ao cargo de governador-tampão.
“Eu não aceitei permanecer na direção de apoiar um candidato da Assembleia (Legislativa Estadual)” – afirmou.
O ex-procurador não entendeu que as jogadas de bastidores são feitas por profissionais da política. Nesse sentido, o senador Renan Calheiros e o deputado estadual Marcelo Victor são mestres, e estão unidos pelo mesmo objetivo. Ou seja, Alfredo Gaspar escolheu o lado errado da força!