2 de dezembro de 2022 6:25 por Mácleim Carneiro
Depois de merecidas férias, onde me permiti voltar ao Velho Continente e conhecer novos países, estou novamente na lida dos escritos, aqui no 082, com prazer renovado e deferência especial aos nossos 14 leitores. Então, a questão é: sobre o que escrever, diante de tantos e múltiplos temas e fatos ocorridos em pouco mais de um mês? Sobretudo, porque os meses de outubro e novembro não foram meses dentro do quadradinho, foram por demais efervescentes e singulares, para a vida do povo brasileiro e para os que, de longe, observam o Brasil em suas idiossincrasias políticas, ambientais, econômicas, culturais e etc.
Foram meses com grandes perdas artísticas e intelectuais, mas também de ganhos políticos. Novos rumos, no sentido da reconstrução de um país arrasado por quatro anos de desmontes e destruição, postos em prática por um governo de extrema-direita, que afinal se esvai rumo ao lixo da história, graças à base da pirâmide social brasileira. Portanto, temos de volta a esperança renovada, a crença em um tempo mais arejado, onde os ares democráticos serão respaldados pelas instituições e pela Constituição brasileira. Foi alvissareiro poder voltar ao Brasil sob essa nova perspectiva.
Trauma Colonial
Durante o segundo turno das eleições presidenciais, estávamos em Portugal e tínhamos o firme propósito de ampliar a nossa permanência na Europa, caso o resultado das eleições fosse outro, capaz de nos aprofundar no intragável, insuportável e fatídico recrudescimento do retrocesso democrático. Respiramos aliviados e comemoramos o fato de, ao menos, termos de volta a utopia e a única certeza de que as trevas não resistem à luz.
Seguramente, apesar do encanto arquitetônico, paisagístico e gastronômico, de regiões como o Algarve e cidades como Porto e Lisboa, dessa vez, tive a oportunidade de dialogar demoradamente com portugueses nativos. Acabei fazendo uma descoberta antagônica às minhas próprias referências e conceitos sobre Portugal. Descobri, por exemplo, o quanto o lusitano tem interesse pelas coisas e causas do Brasil, sobretudo, políticas. Por outro lado, percebi que não temos o mesmo interesse pelos fatos de Portugal. Se perguntarmos a qualquer brasileiro médio quem é o atual primeiro-ministro ou qual o regime político de Portugal, será fácil entendermos a dimensão do nosso trauma colonial.
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!!