Em 2017, Aline Rodrigues sofria com ciclos de depressão e foi diagnosticada por uma psiquiatra, após sofrer ataques de pânico. Desde então, ela cuida da saúde mental para se manter estável, pois também foi diagnosticada com Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). E nessa jornada, seu companheiro é o vira-lata Bash, pet de suporte emocional que chegou em sua vida e, segundo ela, a tem salvado desde então.
“Bash chegou em um momento em que eu mal conseguia sair de casa, morava sozinha e tinha constantes crises de ansiedade. Com a vinda dele, encontrei uma motivação para fazer o que era preciso e voltar a sair aos poucos. Por conta do convívio próximo durante esse período, ele aprendeu como me acalmar durante uma crise de ansiedade e em quais momentos eu preciso que ele fique mais próximo”, conta Aline.
Segundo o psicólogo e docente do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL) Alysson Cavalcante, os pets de suporte emocional se diferenciam dos animais de estimação justamente por serem preparados para auxiliar as pessoas com algum transtorno a retomarem a vida e as atividades cotidianas, como uma simples caminhada ao mercado, ou auxílio para atividades físicas e socializações, por exemplo.
“Geralmente, a pessoa que precisa desse suporte perde o interesse em realizar até as atividades do dia a dia. Então, o pet vai fazer com que ela note a importância dela na vida daquele animal, especialmente ao perceber que vai precisar cuidar daquele animal, dar banho nele, levar para passear, alimentar. Então, isso vai fazer com que o pet auxilie na saúde mental da pessoa através dessa responsabilidade, que se reverte em bem-estar e redução de estresse. Quando se associa a psicoterapia com o tratamento medicamentoso e essas ferramentas de suporte emocional, o paciente só tem a ganhar, pois os resultados serão potencializados”, explica.
Mudança de hábitos
A qualidade de vida causada por um pet de suporte emocional também foi sentida por Anna Vianello, que adotou o golden retriever Apolo em 2017. Ela conta que começou a sair mais de casa para atividades ao ar livre, inclusive para fazer trilhas e andar de bicicleta com ele, se sentindo mentalmente mais tranquila e feliz.
Apolo também ajudou emocionalmente Anna durante uma viagem de avião. “Enviei para a companhia aérea o meu laudo médico assinado pela minha psicóloga que ele é meu cão de apoio emocional e que precisava dele durante o voo. A companhia aceitou e no dia da viagem precisei levar os documentos dele assinados pelo nosso veterinário comprovando a saúde dele. Durante o voo foi muito mais calmo e tranquilo para mim, que estava com uma crise grande de ansiedade na época. Apolo me distraiu durante o voo e acalmou muito”, relata.
De acordo com o psicólogo, o pet de suporte emocional também ajuda a diminuir a ‘barreira’ que o paciente sente com o isolamento social. Ele relata que os pacientes começam a regular os seus neurotransmissores que provocam bem-estar, como a endorfina, serotonina e vai fazer com que a pessoa comece a sentir um bem-estar maior, se sentindo mais relaxada e começando a ter as suas conexões neuronais mais organizadas para conseguir superar o obstáculo.
Ele complementa que os pacientes depressivos e ansiosos muitas vezes sentem uma certa resistência com o tratamento medicamentoso, que dá um “empurrãozinho” para os níveis de neurotransmissores e de hormônios dos pacientes. O animal pode auxiliar até nisso, fazendo com que ele tenha uma adesão maior ao uso da medicação, para que ele consiga interagir mais com o processo psicoterapêutico. “As coisas vão começar a fazer bem porque aquele animal está provocando no paciente essa sensação de bem-estar, trazendo aí essa liberação dos neurotransmissores essenciais”, frisa.
“Além dos pets, qualquer outra atividade que provoque bem-estar e traga benefícios para o paciente, vai ser uma importante ferramenta terapêutica. Mas o pet e as outras atividades não substituem o processo terapêutico. Muito se pensa em cachorro ao falar de pets, mas pode ser qualquer animal que a gente perceba que vai trazer benefícios para essa pessoa, como um gato, coelho, peixe, tartaruga”, recomenda.
Fonte: Assessoria