22 de dezembro de 2022 3:38 por Geraldo de Majella
No ano de 1992, a novidade foi eleição da chapa formada pelo engenheiro Ronaldo Lessa (PSB) e a enfermeira Heloisa Helena (PT) para a Prefeitura de Maceió. Lessa, prefeito e Heloisa, vice-prefeita. A coligação Frente Maceió Popular era composta por PSB, PT e PDT.
Os dois militantes de esquerda romperam com o tradicional modelo político estabelecido desde sempre. Entre as principais bandeiras empunhadas pela esquerda estava a Educação. A educadora popular Maria José Viana é o nome indicado pelo PT para a Secretaria Municipal de Educação (Semed).
O projeto da esquerda, à época, considerava, principalmente, a possibilidade de modernizar as relações da administração pública com a sociedade e com os políticos em geral. O que movia o grupo vitorioso era romper com práticas atrasadas. A Semed foi o ponto de partida, pela sua democratização, com a participação da sociedade nas discussões e culminou com a implantação da Gestão Democrática nas escolas.
O processo de discussão do projeto mobilizou todas as forças políticas e sociais que gravitam no entorno da escola pública. Superados os entraves institucionais, a Gestão Democrática é implantada por força de lei, sendo realizadas as eleições para os Conselhos Escolares e Eleição de Diretores. Esse mecanismo alterou as relações de poder entre direção, professores e alunos, além das famílias que passaram a exercer papel ativo nos destinos da escola.
Historicamente, essa foi a maior conquista da administração municipal tendo a esquerda à frente. Parece pouco, mas, foi o início das mudanças que a Educação necessita. E a Gestão Democrática é o fundamento principal.
Maria José Viana foi a responsável pela transformação a partir da gestão escolar. Esse mesmo processo foi bem sucedido quando Ronaldo Lessa venceu as duas eleições para governador de Alagoas. O circuito se fechou tendo a Gestão Democrática como mecanismo de transparência e redução de influência político-eleitoral na escola como era feito tradicionalmente.
Evidentemente que tem havido, ao longo dos anos, torpedeamento do mecanismo. Há de se ressaltar a resistência dos educadores e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal).
O nome da professora Maria José Viana deve ser sempre lembrado como uma das autoras da transformação da educação estadual.
Hoje, com o retorno do PT ao governo federal e com a reorganização pela qual o Ministério da Educação (MEC) passará, as ideias que deram frutos voltarão a ser discutidas com as necessárias atualizações, mas, sem perder o foco, que é a democratização da escola pública.