20 de abril de 2023 12:49 por Mácleim Carneiro
Há anos o meu amigo Edson Bezerra me dizia: você precisa ler ‘Canais e Lagoas’, para compreender Alagoas e o que você chama de aquário.
Ele estava absolutamente certo!
Demorou, mas, entre tantas coisas que aprendi lendo esse clássico umbilical, descobri a real verdade do ditado popular ‘antes tarde do que nunca’.
Sobretudo, descobri quem foi Octávio Brandão, não apenas como literato e autor fiel às suas causas, mas o homem e figura humana admirável em seus propósitos e conceitos, sofrimentos e retidão.
Nessa obra, após avançarmos pela pesquisa do autor, que nos apresenta o que tínhamos (ou éramos), do ponto de vista geográfico e geológico, nossa botânica e afins, nosso povo, sua alma e as cruéis relações sociais impostas a este, e que perduram até hoje, chegaremos a outra realidade, muito menos poética do que a descrita pelo autor na primeira parte do livro.
Saberemos o porquê da elite econômica e política de Alagoas ser imprestável e não valer o que o gato enterra.
Depois de ser preso, hostilizado e sofrer da cruel indiferença (típica da mediocridade alagoana) e dos insultos e ataques violentos dos jornais locais, à época, o próprio autor se pergunta e responde, no tópico ‘A Tragédia’:
“Qual o meu crime? Pensar livremente, defender ideias avançadas, ter aderido ao movimento operário em 1917, auxiliar os sindicatos e sustentar os direitos dos trabalhadores! Pois de todo esse inferno vivido, brotaram essas páginas como flores de fogo, como rubras rosas de dor.”
É incrível como a história torpe alagoana se repete com os que, por natureza, estão fora e acima da mediocridade, apesar da mediocridade ser por demais necessária, com bem definiu Nietzsche.
Foi assim com Octávio Brandão, Graciliano, Jorge de Lima e até mesmo Lêdo Ivo.
Este é um livro que se torna comovente, ao passo em que nos revela como a elite desse Estado foi e tem sido cruel com os luminares que desnudam e revelam a mediocridade, pequenez e ignorância dessa gente.
NO +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!????????????