Ainda hoje, há entre os 25 integrantes da Câmara Municipal de Maceió vereadores que representam dinastias formadas desde a segunda metade do século XX. Um exemplo é a família Hollanda, cuja presença no Legislativo municipal remonta a 1962, quando o patriarca Otacílio Hollanda se elegeu para uma das cadeiras do parlamento-mirim.
A sucessão ocorreu nas eleições de 1976, com o filho e médico Antônio Hollanda. Em 1982, este se elege deputado estadual e agora é a vez do irmão, o engenheiro Francisco Hollanda, ser eleito vereador. Eles se reelegem, respectivamente, em 1986 e 1988.
Com isso, Câmara de Maceió e Assembleia Legislativa passam a ter representação da família, que se amplia. Em 1990, Antônio Hollanda ganha para deputado federal e Francisco para deputado estadual. Em 1992, outro irmão, José Hollanda, é eleito vereador.
Em 1994, Antônio Hollanda se candidata ao Senado Federal e perde. Eduardo Holanda (Dudu), em 1996, se elege pela primeira vez vereador, mantendo a “cadeira da família” na Casa de Mário Guimarães. Antônio Hollanda, pai de Dudu, volta a se eleger deputado estadual em 1998. Em 2000, Dudu é reeleito. Nas eleições de 2004, também é eleito Francisco Hollanda.
No pleito de 2006, Antônio Hollanda Costa Júnior conquista o mandato de deputado estadual. Foram eleitos vereadores nas eleições de 2008, Dudu e Francisco Hollanda. Na eleição seguinte, em 2010, Dudu Holanda se elege deputado estadual e se reelege em 2014. Mas, em 2012, são eleitos vereadores os irmãos Antônio e Francisco. A família volta a ter representação na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal.
Nas eleições municipais de 2016, entra Chico Filho que substitui o veterano Francisco Hollanda, seu pai, e passa a conviver com o tio Antônio Hollanda que se reelege. Estão garantidas duas cadeiras para a familia. Nas eleições de 2000, foram eleitos os primos Chico Filho e Fernando Hollanda.
Neste ano, três primos vão concorrer e dois pretendem renovar os mandatos, Chico Filho e Fernando Hollanda. Dudu Hollanda, irmão de Fernando, entrou na disputa eleitoral para retornar à Câmara.
Otacílio Hollanda presidiu a Câmara por três vezes; Francisco, Dudu e Chico Filho também foram eleitos como presidentes da Câmara em períodos distintos.
A família Hollanda Costa é a mais longeva em atividade na cidade de Maceió.
Galba Novaes de Castro
A família Novaes de Castro é a segunda mais antiga em atividade na Câmara de Vereadores de Maceió. O ex-sargento do Exército Galba Novaes de Castro a inicia ao se eleger vereador pela primeira vez em 1976.
Galba Novaes de Castro foi presidente da Câmara por duas vezes – a primeira de 1981 a 1983 e a segunda de 1986 a 1988. A sucessão familiar ficou por conta de Galba Novaes de Castro Junior, em 1996. As reeleições ocorreram em 2000, 2004 e 2008. Em 2014, se elegeu para o primeiro mandato de deputado estadual. Em 2019, não se reelege, alcança a primeira suplência, mas, assume interinamente o mandato por cerca de um ano.
A segunda sucessão na família acontece com a eleição e Galba Netto em 2012, reeleito em 2006 e 2000, é candidato a mais um mandato.
A família Novaes de Castro, nas três gerações, presidiu o Poder Legislativo. O avô, Galba Novaes, o filho Galba Júnior e Galba Netto.
Família Ronalsa
Carlos Ronalsa foi metalúrgico e dirigente sindical na década de 1980, mantinha ligações com o PCdoB, mas foi se afastando até se eleger pela primeira vez vereador em 1996, não se elege em 2000, volta a se eleger em 2004 e 2008. Faz a sucessão com o filho Dudu Ronalsa em 2012, se reelege em 2016. Em 2018, é eleito deputado estadual, reeleito nas eleições de 2022.
A vereadora Gaby Ronalsa é quem substituiu o irmão na câmara em 2000, não vai disputar às eleições em 2024, foi substituída por Milton Ronalsa.
Família Maia
O fiscal de tributos José Márcio de Medeiros Maia foi vereador pela primeira vez em 2012, não tenta a reeleição, mas, lança o filho, José Márcio (Zé Márcio), em 2016, que foi eleito. Em 2020, se reelege e é candidato ao terceiro mandato em 2024.
Lelo Maia está no segundo mandato de deputado estadual, eleito a primeira vez em 2018 e reeleito em 2022.
Família Barbosa
A carreira política de Marcos Barbosa começou na Câmara Municipal de Maceió quando se elege vereador em 2000. Nas eleições de 2002, é eleito deputado estadual, sendo reeleito em 2006, 2010, 2014, 2019, 2022. Este é o quinto mandato consecutivo de Marcos Barbosa.
A sucessão na Câmara Municipal se deu pela eleição da sua esposa, a vereadora Silvânia Barbosa, eleita a primeira vez em 2008, reelegendo-se em 2012, 2016, 2000. Está no quarto mandato consecutivo e, nas eleições de 2024, é candidata ao quinto mandato.
Família Porto Nelma
A psicóloga Tereza Nelma se elege vereadora em 2008, se reelege em 2012, 2016. Nas eleições realizadas em 2018 se elege deputada federal, não conseguindo se reeleger.
A filha Teca Nelma é quem vai substitui a mãe na Câmara Municipal. Eleita vereadora em 2000, é candidata a reeleição nas próximas eleições.
Davi Davino
É o decano da Câmara Municipal, tendo sido eleito oito vezes consecutivas nas eleições de 1996, a primeira, reeleito nas eleições de 2000, 2004, 2008, 2012, 2016 e 2000, sendo candidato ao nono mandato. É na história da Câmara de Maceió o vereador com o maior número de mandatos.
Davi Davino Filho foi o primeiro entre os familiares a ocupar um cargo eletivo como deputado estadual, sendo eleito em 2014 e reeleito em 2018. Foi candidato a prefeito de Maceió em 2020, mas, perdeu a eleição, ficando em terceiro lugar. Em 2022, se lança candidato a senador e perde, sendo bem votado. A substituição da vaga da família na Assembleia Legislativa acontece com a eleição da sua mãe, Rose Davino.
Modus operandi
A linha sucessória na Câmara Municipal é antiga e a tendência é ser mantida com a apropriação do Orçamento do município de Maceió, que vem sendo transformado numa propriedade particular, uma ferramenta desfigurada, com o abusivo uso de emendas parlamentares, provocando desvios de finalidade de maneira escancarada.
Se existiram dificuldades para essas tradicionais famílias se reproduzirem no poder na Casa de Mário Guimarães, isso é coisa do passado. Há um bloco de vereadores que firmou um pacto de silêncio e que gozam das benesses e vantagens que os antigos vereadores jamais sonharam em ter.