O Partido dos Trabalhadores (PT), fundado em 1980, bateu o recorde como partido de esquerda com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São 44 anos, em que venceu cinco eleições presidenciais, governou vários estados e inúmeras prefeituras.
O mais antigo partido político durante a República foi o Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em 1922. Em 1945, obteve registro junto ao TSE. Em poucos meses, conseguiu eleger centenas de parlamentares, vereadores, deputados estaduais e o senador mais votado do Brasil, Luiz Carlos Prestes, inclusive, três deputados estaduais em Alagoas.
A permanência com o registro durou apenas 19 meses, de 10 de novembro de 1945 a 7 de maio de 1947. Após cassado o registro do partido pelo TSE, os comunistas são jogados na clandestinidade. O PCB somente voltou à legalidade em 1985, durante 61 anos permaneceu entre a clandestinidade e a semilegalidade.
Esse recorte histórico é para mostrar que décadas de clandestinidade dificultaram, enormemente, a atuação do PCB, mas não o impediram de existir e influenciar a vida política nacional. Não foi possível se tornar um partido de massas. No entanto, formou grandes quadros políticos em todas as áreas: sindical, intelectual, camponesa, acadêmica, científica e cultural.
Os altos e baixos na formulação política obrigaram o PCB a mudar de posição tática, até a sua estratégia foi alterada no percurso da história. Vitórias e derrotas ensinaram a importância de estabelecer relações de alianças com políticos e partidos de campos ideológicos distintos. A trajetória dos comunistas pode servir como ensinamento histórico para, no limite, evitar derrotas eleitorais e políticas previamente anunciadas.
O PT é uma obra de “engenharia ou, se desejarem, arquitetura” política nunca experimentada na política nacional. O Partido dos Trabalhadores, desde a sua fundação, convive com organizações internas que são micropartidos, com direções e decisões próprias, com eleições internas onde o poder interno é definido pelos critérios da proporcionalidade dos votos obtidos por cada tendência.
Essa dinâmica interna, no entendimento da imprensa burguesa, faz do PT um partido difícil de ser compreendido. Isso não é verdade, o PT é um partido diferente e, como tal, causa espanto.
Em 44 anos, o PT mudou o seu relacionamento político e, com dificuldades, realizou alianças eleitorais com partidos e personalidades antes inimagináveis como José Alencar, mega empresário, ex-deputado liberal Michel Temer e o ex-governador tucano Geraldo Alckmin, atual vice-presidente da República. O principal problema a ser enfrentado pelo PT não é a aliança eleitoral pontual do tipo ganha-ganha, firmada no processo eleitoral, avalizada pelo prestigio carismático e político de Lula.
O que há de mais complexo é estabelecer relações políticas continuadas com base num programa de ações políticas que atenda ao PT e aos aliados. Para ser aliança é inevitável que cada uma das partes ceda posições políticas. Isso não significar ceder nos princípios – que fique claro -, em determinadas circunstâncias conjunturais.
A maturidade política alcançada deve ou tende a superar o que parece ser um dilema ideológico insolúvel entre os petistas e, em um dado momento, estabelecer pactos com a militância mais à esquerda. Mas, por outro lado, tão importante quanto é reduzir a volúpia pelo poder que desperta segmentos majoritários do partido. Encontrar o ponto de equilíbrio faz parte da equação política interna.
A ausência de política de médio e longo prazo transforma alianças eleitorais num fim em si. Esse modus operandi com nuances diferenciadas tem sido colocado em prática junto aos movimentos sociais.
O PT alagoano tem dificuldade em fazer a leitura da conjuntura nacional e local. Sendo o PT majoritário no espectro de esquerda com influência social tem patinado na identificação dos adversários políticos e, no limite, inimigos das forças democráticas em Alagoas.
Essa, talvez, seja a maior ou a mais visível diferença entre os comunistas do PCB e do PCdoB e os petistas.
Esse é tema para o próximo texto.