16 de setembro de 2024 10:59 por Da Redação
Por Geraldo de Majella*
O arquiteto italiano Giovanni Luigi Giuseppe Lucarini (1842-1907) nasceu em Lucca, na região da Toscana, em 8 de março de 1842. A data de sua imigração para o Brasil é incerta, situando-se entre o segundo semestre de 1872 e o início de 1873. Lucariny desembarcou no Rio de Janeiro, mas não se sabe exatamente quanto tempo permaneceu no então Distrito Federal.
O primeiro registro público de sua presença em Alagoas data de 3 de fevereiro de 1875, quando o jornal Diário de Alagoas divulgou, na coluna de Anúncios, a partilha da sociedade “Luiz Lucarine, Tonette & Cª” entre Lucariny e outros três sócios, em uma casa comercial na Rua do Açougue, no centro de Maceió.
Em 1877, o Almanak Administrativo da Província das Alagoas registra o endereço do escritório de arquitetura de Lucariny, na Rua 1º de Março, antiga Rua do Açougue, hoje conhecida como Avenida Moreira Lima. A partir desse momento, Lucariny passou a assinar seu nome com a grafia abrasileirada “Luiz Lucariny” nos projetos e artigos publicados na imprensa alagoana.
O conjunto de sua obra modernizou a paisagem urbana de Maceió e também de Penedo, na virada do século XIX para o século XX. Os principais projetos arquitetônicos que ele deixou estão funcionando plenamente como equipamentos culturais e órgãos da administração pública municipal e estadual.
Em Penedo, para onde se mudou em 1877 e permaneceu até 1893, Lucariny projetou o Teatro Sete de Setembro (1884), sua primeira obra na cidade. Além do teatro, ele foi responsável pelos projetos do Mercado Público (1898) e da Casa Escolar de Penedo.
Em Maceió, onde se encontra a maior parte de seus projetos, destacam-se obras imponentes como o Palácio do Governo (1902), o Teatro Deodoro (1910), a Intendência Municipal (1910) e o Tribunal de Justiça (1912).
Os espaços concebidos por Lucariny são lugares de memória que há 122 anos constituem a paisagem urbana de Maceió, desde a inauguração do Palácio do Governo em 1902. Esse edifício, que já foi chamado de Palácio dos Martírios em alusão à Igreja Bom Jesus dos Martírios, também foi denominado Palácio Marechal Floriano Peixoto em homenagem ao ex-presidente do Brasil. Atualmente, abriga o Museu Palácio Floriano Peixoto (MUPA).
O MUPA possui duas alas dedicadas à memória do dicionarista Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e do poeta Lêdo Ivo, além de abrigar mobiliário dos séculos XIX e XX, prataria, cristais, objetos decorativos, e quadros dos pintores alagoanos Luís Silva, Miguel Torres, Lourenço Peixoto e Rosalvo Ribeiro.
As edificações mencionadas, assim como outras que não existem mais fisicamente, mas foram projetadas por Lucariny, ainda não foram inseridas em um roteiro cultural na área mais antiga da cidade de Maceió. Esses espaços carregam memórias afetivas, políticas, culturais e jurídicas.
O Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ) criou o Centro de Cultura e Memória, um espaço moderno onde parte significativa da memória e da história do Judiciário está preservada e acessível ao público.
O caminho de Lucariny em Maceió pode começar pela Praça Deodoro, com visitas ao teatro e ao TJ, e seguir até o Palácio do Governo e à Intendência Municipal na Praça dos Martírios. Em Penedo, o Teatro Sete de Setembro e o Mercado Público estão localizados no Centro Histórico.
Luiz Lucariny faleceu aos 65 anos, no dia 14 de julho de 1907, acometido por um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Fonte: Amorim, Vania. Luigi Lucarini: Vida e Obra, Maceió, Grafmarques, 2010.
* É historiador