14 de outubro de 2024 6:14 por Da Redação
Por Geraldo de Majella
A esquerda alagoana, na segunda metade do século XX, contou com lideranças que marcaram a política estadual, como o jornalista Jayme Amorim de Miranda e o advogado Eduardo Ribeiro Bonfim.
O jornalista Jayme Miranda foi dirigente do Partido Comunista Brasileiro (PCB) entre 1950 e 1975, até ser sequestrado e assassinado pela ditadura civil-militar. Já Eduardo Bonfim foi um dos organizadores do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), em Alagoas, no início dos anos 1970 e ocupou cargos públicos como deputado estadual, federal e vereador de Maceió.
Apesar de atuarem em períodos distintos e não se conhecerem, ambos desempenharam papéis fundamentais na formulação política dos seus partidos. Durante a ditadura, o PCB e o PCdoB adotaram estratégias opostas: o PCB buscou formar uma ampla frente democrática para isolar e derrotar politicamente os militares, enquanto o PCdoB apostou na resistência armada, destacando-se na organização da Guerrilha do Araguaia, um marco da luta armada contra o regime.
Essas diferenças táticas e estratégicas refletem visões diversas de enfrentamento à repressão, mas os dois partidos, por meio de seus líderes e militantes, tiveram papel importante na resistência ao autoritarismo.
Tanto o PCB quanto o PCdoB buscaram se consolidar na política alagoana por meio de programas que mobilizassem trabalhadores, classe média e setores progressistas do empresariado. Seus dirigentes contribuíram para a organização interna, formação de quadros e tiveram relevância no cenário político local.
O PCB, nas décadas de 1950 e 1960, foi uma força que desempenhava papel político destacado e com influência social crescente até o golpe de 1964. O PCdoB, de 1970 a 2000, tornou-se a principal organização de esquerda em Alagoas. Contudo, divisões internas fragmentaram o PCdoB, levando muitos de seus membros a se filiarem ao PT.
Duas décadas depois, o PT não conseguiu absorver totalmente essa geração oriunda do PCdoB. A experiência desses ex-comunistas foi pouco aproveitada, e o partido segue imobilizado por lutas fratricidas, sem uma “porta de saída”. O essencial, que é a política como eixo central do debate e da reconexão com a sociedade, está ausente, agravando ainda mais a crise interna.
Falta ao PT de Alagoas o que sobrou nos partidos comunistas, lideranças políticas e intelectuais orgânicos. Líderes que pensaram e entenderam a realidade alagoana, construíram alianças com os liberais, com a centro-esquerda, centro-direita e conquistaram espaços inimagináveis para as suas épocas.
Quem sabe um dia os petistas, estudando a História política de Alagoas, entendam o quanto a classe dominante é inteligente e como ela mantém o domínio político do estado. Mesmo quando não tem um dos seus filhos no poder, ela encontra meios para influenciar em seu favor.