21 de dezembro de 2024 10:18 por Da Redação
Recentemente, a Ufal apresentou, a pedido da Defensoria Pública, o relatório coordenado pela Profa. Dra. Regla Toujaguez, intitulado: “Diagnóstico preliminar sobre eventos de instabilidade do terreno e surgência de água em solo de residências na Rua Marquês de Abrantes e Travessa Padre Pinho, nos bairros Chã de Bebedouro e Petrópolis – Bacia hidrográfica do Riacho do Silva”.
Este documento técnico aborda os riscos geológicos e hídricos enfrentados pelas comunidades dessas localidades. Os principais problemas identificados incluem subsidência e colapso do solo devido à presença de argilas moles e solos orgânicos, deslizamentos em encostas e surgência constante de água, agravando os danos estruturais em residências.
Principais pontos destacados no relatório:
1. Características do Solo:
– Solos inadequados para construção, como argilas moles e sedimentos orgânicos.
– Alta vulnerabilidade à subsidência e colapso devido à percolação de água.
2. Problemas Estruturais:
– Trincas e rachaduras em residências e muros, algumas em estágios avançados.
– Afundamento em construções devido à instabilidade do solo (recalques diferenciais).
3. Surgência de Água:
– Fluxo constante de água limpa ou esverdeada em áreas externas e internas das casas, impactando fundações e aumentando o risco de colapso.
4. Impactos Sociais:
– Comunidade exposta a múltiplos perigos, vivendo em condições precárias.
– Relatos de abandono de residências devido à inviabilidade de permanência.
5. Classificação de Risco:
– As áreas foram classificadas como de Risco Muito Alto (R4), com exposição contínua a múltiplos perigos. Este fato reforça as evidências apresentadas em outros relatórios que sustentam o pedido de realocação pela Defensoria Pública.
2º Alerta Científico da Ufal
Mais uma vez, os pesquisadores da Ufal apontam a Rua Marquês de Abrantes e a Travessa Padre Pinho como áreas em situação crítica de instabilidade geológica e hídrica, com difícil mitigação ambiental e urbanística. A desocupação e realocação das comunidades afetadas é recomendada pela Ufal como solução prioritária. Estudos complementares são necessários para compreender a origem da água, mas a realocação é a solução imediata para evitar uma tragédia.
O que diz o 1º alerta da Ufal de 2023?
O relatório técnico sobre o isolamento social dos Flexais de Bebedouro, coordenado pelo Prof. Dr. Dilson Ferreira, analisou os impactos do isolamento geográfico, da instabilidade do solo e das restrições ambientais na ocupação urbana da área. Localizada em uma região sensível, entre vales fluviais e encostas íngremes, a área enfrenta riscos ambientais severos, agravados pela exploração de sal-gema pela Braskem.
Principais pontos destacados no relatório de 2023:
1. Características Geográficas e Geológicas:
– Área de borda da Laguna Mundaú, com encostas íngremes e vales fluviais formados por solos instáveis.
– Alta suscetibilidade a deslizamentos devido à exploração mineral e à degradação ambiental.
2. Incompatibilidade com Ocupação Urbana:
– Classificação como ‘Área de Restrição à Ocupação’, já mapeada e prevista no Plano Diretor de 2005.
– Impossibilidade legal e ambiental de urbanização.
3. Impactos Ambientais e Riscos:
– Riscos de deslizamentos e alagamentos devido à declividade acentuada e erosão.
– Degradação de áreas de preservação ambiental.
4. Isolamento Socioeconômico:
– Comunidade isolada geograficamente, sem infraestrutura adequada e conectividade urbana.
Comparação entre os relatórios de 2023 e 2024
Ambos os relatórios convergem na necessidade de realocação das comunidades de Bebedouro, devido à inviabilidade ambiental e geológica das áreas ocupadas. Enquanto o relatório da Rua Marquês de Abrantes enfatiza os problemas estruturais e a surgência de água, o dos Flexais destaca também o isolamento socioeconômico e as restrições ambientais impostas pelo Plano Diretor.
Os relatórios são unânimes ao apontar que a mitigação da degradação físico-ambiental e socioeconômica da região é custosa e quase inviável.
Conclusão
O 2º relatório chancela o que os estudos anteriores já haviam apontado: a realocação imediata das comunidades afetadas é imprescindível. A cada novo relatório, as evidências científicas reforçam a gravidade da situação, contrapondo a inércia ou descaso de gestores públicos.
Será que, mesmo com tantos argumentos científicos, iremos abandonar essas populações ao isolamento e à espera de um colapso geológico? A ciência continua mostrando o caminho; cabe às autoridades ouvirem e agirem.
Prevaricar não é a melhor solução !