quinta-feira 10 de abril de 2025

Os natais em Bebedouro já não são mais os mesmos

A ceia de Natal das famílias confinadas nas poucas ruas que restaram do bairro será marcada por rezas e orações
Igreja de Santo Antônio de Pádua, em Bebedouro

Por Geraldo de Majella*

O Natal é uma celebração cristã que marca o nascimento de Jesus Cristo, considerado o Salvador na tradição desta religião. Comemorado no dia 25 de dezembro, o Natal é um momento de reflexão sobre valores como amor, paz, solidariedade e esperança. Além de sua importância religiosa, o Natal também é amplamente celebrado em muitas culturas ao redor do mundo com trocas de presentes, ceias, decoração festiva e encontros familiares.

Em muitas tradições, o Natal simboliza o renascimento, o início de uma nova etapa, e a união entre as pessoas, incentivando a prática de boas ações e o cuidado com o próximo. Para além do contexto religioso, o Natal também se tornou uma festa cultural e comercial, com grande destaque em muitas sociedades.

O Natal, para os moradores dos Flexais, da Rua Marquês de Abrantes e das Quebradas em Bebedouro, não tem sido tão festivo assim, pois, estas comunidades vivem ilhadas socialmente. Foram privadas do básico para viver em um bairro periférico de Maceió: acesso à saúde, transporte coletivo, coleta de lixo e o direito ao sossego. Até mesmo os direitos à igreja e ao sepultamento lhes foram negados.

O Natal em Bebedouro era, tradicionalmente, marcado pela missa na Igreja de Santo Antônio, e os festejos na praça do bairro atraíam milhares de pessoas, inclusive de outros bairros de Maceió. As famílias se confraternizavam, cada uma professando sua fé. Contudo, a Braskem destruiu Bebedouro, Mutange, Bom Parto, Pinheiro e parte do Farol ao minerar sal-gema. E, com isso, destruiu também a vida, os sonhos de idosos, jovens e crianças.

A ceia de Natal das famílias confinadas nas poucas ruas que restaram do bairro será marcada por rezas e orações. É o que lhes resta: pedir a Deus um raio de luz que ilumine os doutores e doutoras dos ministérios públicos e da Justiça Federal. Essas pessoas, humilhadas pelas autoridades nessa data sagrada do calendário cristão, clamam por uma esperança que a prefeitura e as representações do Estado insistem em converter em escuridão.

O sofrimento estampado no rosto de cada morador e moradora não significa a perda da esperança nem da capacidade de se indignar diante das injustiças. A ceia de Natal será, possivelmente, um momento de reflexão e de súplica ao Pai Eterno por força para continuar enfrentando as adversidades.

A mesa das vítimas nunca teve, e não terá, uma farta ceia de Natal com vinhos, champanhe, queijos, nozes, castanhas e peru. Quem desfruta desses produtos sofisticados são aqueles sustentados pelos impostos dos pobres que foram vitimados pela Braskem e tornados invisíveis pelos agentes públicos.

*É historiador e jornalista

Please follow and like us:
Pin Share

Mais lidas

Anac autoriza nova companhia aérea a operar no Brasil

Uma nova companhia aérea promete começar a operar no Brasil até o fim de

Ministra Luciana Santos destaca poder transformador de trabalhos realizados por alunos do Sesi Alagoas

Os projetos sociais e educativos desenvolvidos por alunos e professores da Escola Sesi Senai

Entidades pedem ao MPF a paralisação imediata das obras da Linha Verde

Um grupo de entidades acionou o Ministério Público Federal (MPF) para que sejam suspensas,

Governo anuncia concurso com 2 mil vagas para a Polícia Federal

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou nessa quarta-feira (29) a

Para indenizar juíza, TJPR zera as contas de jornalista

Por Marcelo Auler Na expectativa de indenizar sua colega, a juíza M.R.H.L. em R$

Janeiro Branco: Maranhão é o estado com menos psicólogos na rede pública do Nordeste

Por Thiago Aquino, da Agência Tatu A campanha Janeiro Branco conscientiza sobre os cuidados

Alagoas registra a abertura de mais de 36 mil empresas em 2024

Alagoas registrou a abertura de 36.991 empresas em 2024. O número representa um crescimento

Obesidade leva a disparada de diabetes no mundo em três décadas

A obesidade está por trás do grande aumento de casos de diabetes no mundo,

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *