sábado 28 de dezembro de 2024

Livro resgata histórias de perseguições tendo figuras femininas como fio condutor

'Mulheres da Margem Esquerda do Salgadinho' foi lançado nessa sexta-feira, em Maceió

28 de dezembro de 2024 3:45 por Da Redação

Reprodução

Por Geraldo de Majella*

O livro Mulheres da Margem Esquerda do Salgadinho, organizado pelos irmãos Weldja, Wedna e Wellington Miranda, com colaboração especial de Solemar Miranda, foi lançado nessa sexta-feira (27), no Museu da Imagem e do Som de Alagoas (MISA). A obra tem como centro das narrativas a memória das mulheres da família, ressaltando suas histórias e vivências.

O livro conecta gerações e compartilha memórias que têm como fio condutor as mulheres de diferentes épocas. Embora trate das lembranças de uma parte da família, o registro em forma de falas e fotos oferece uma visão de como uma família em Alagoas foi perseguida pelo Estado e pela elite política e econômica.

Os relatos fragmentados revelam o cotidiano de núcleos familiares em momentos históricos em que a repressão se voltou contra pessoas comuns, que não representavam qualquer perigo à ordem pública.

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A reconstituição dessa memória é fundamental, pois ajuda a preservar a identidade familiar, reforçando o sentimento de pertencimento e a conexão entre seus membros. Além disso, ela se torna uma ferramenta essencial para entender o passado, aprender com as experiências vividas e cultivar a continuidade entre as gerações.

Em um contexto mais amplo, a memória de família contribui para a construção de uma narrativa coletiva, que inclui desafios e conquistas a serem compartilhados. Esses relatos podem moldar as futuras gerações da família e da sociedade, onde seus membros atuaram nas áreas comercial, política, social, artística, esportiva e na imprensa.

As cartas e depoimentos revelam as sutilezas e dificuldades vividas pelas mulheres, cujos registros datam da década de 1930, quando irmãos, sobrinhos e maridos se engajaram profundamente na luta antifascista em Alagoas. Essas mulheres não se limitavam ao lar, como poderia parecer; elas organizavam ações de solidariedade para aqueles que estavam encarcerados, na clandestinidade ou no exílio.

Os fragmentos de memórias das mulheres da família Miranda abrem caminho para novas iniciativas de registro, tanto em livros quanto no audiovisual, trazendo à luz histórias antes pouco conhecidas, até mesmo entre os próprios membros da família.

*É historiador e jornalista

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