Por Geraldo de Majella
O deputado carioca Glauber Braga (PSOL-RJ) foi o destaque de 2024 por sua atuação impecável contra o maior assalto ao erário público promovido pelo Congresso Nacional. Sua disposição para enfrentar o principal líder do Centrão, o deputado alagoano Arthur Lira (PP-AL), e denunciar as constantes manobras regimentais e chantagens realizadas pelos parlamentares o colocaram na alça de mira do deputado alagoano.
As emendas parlamentares subtraídas do Orçamento da União em 2025 podem chegar a R$ 52 bilhões. Essa jogatina parlamentar, que nos anos anteriores dos governos Temer e Bolsonaro não foi contida pelo Judiciário, hoje encontra dois fortes pilares de oposição: na Câmara, o deputado Glauber Braga, e no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Flávio Dino, cuja decisão monocrática foi acolhida pelo colegiado. A decisão exige transparência tanto do Poder Legislativo — Câmara e Senado Federal — quanto do Poder Executivo.
A fúria de Arthur Lira contra Glauber Braga é o que de melhor poderia acontecer para a sociedade brasileira. A coragem do deputado foi posta à prova em um ambiente onde a pusilanimidade é a regra e a corrupção, a marca da maioria. Lira colidiu com o iceberg que não havia calculado, talvez por menosprezá-lo diante de seu poder quase imperial. Para ser justo, Glauber Braga se agigantou, no plenário e na comissão de ética, onde tem enfrentado os prepostos que anseiam cassar o seu mandato.
O PSOL conta, entre os 531 deputados, com apenas 13 parlamentares, sendo a maioria mulheres. Destaca-se entre elas a decana da Câmara, Luiza Erundina, que, aos 90 anos, permanece como uma fortaleza moral e inspiração para a esquerda brasileira.
O diplomata e escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967) num trecho do romance Grande Sertão Veredas, diz: “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
O incômodo causado pelo deputado psolista tem, para os religiosos, especialmente no cristianismo, a “ira santa”, entendida como uma raiva ou indignação justa, alinhada com a justiça divina ou moral, e não como uma raiva egoísta ou impetuosa.
Esse tipo de ira é associada à defesa da verdade, da justiça e dos princípios elevados, como uma reação contra o mal ou a injustiça. A expressão pode ser usada para descrever a indignação de personagens bíblicos ou figuras religiosas diante do pecado, da corrupção ou da opressão.
O mandato de Glauber Braga vale por uma bancada, e o PSOL na Câmara dos Deputados tem sido o “sal da terra”, representando um pilar de resistência e de princípios éticos em meio à crise política e a degradação moral.
O PSOL não pode ser aliado do governo Lula de maneira acrítica. Para a democracia e para a sociedade brasileira, as deputadas e deputados do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) desempenham um papel essencial na guerrilha parlamentar.
Vida longa ao deputado Glauber Braga e ao PSOL!
*É historiador e jornalista