
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem sido alvo de uma onda de críticas vindas de diferentes frentes: do mercado financeiro, do presidente do PSD, Gilberto Kassab, da oposição bolsonarista — o que é perfeitamente natural — e até de setores do Partido dos Trabalhadores (PT). Embora essas críticas tenham motivações diferentes, todas convergem para um fator central: Haddad é uma alternativa real para a sucessão de Lula em 2026, caso o presidente não seja candidato à reeleição.
Desde que assumiu o Ministério da Fazenda, Haddad tem buscado equilibrar o compromisso com o ajuste fiscal e a necessidade de investimentos sociais. A resistência orquestrada pelo mercado e pelas empresas de mídia se traduz em pressões constantes sobre sua política fiscal, questionando suas metas de déficit zero e seu plano de arrecadação.
Gilberto Kassab, por sua vez, faz críticas a Haddad em um movimento que vai além da economia e tem um forte componente político. Como líder do PSD, Kassab busca ampliar a participação do partido nos ministérios na anunciada reforma ministerial.
A estratégia da direita é desgastar sua imagem, associando-o a possíveis dificuldades econômicas e ao discurso de aumento de impostos, mesmo que sua gestão tenha apresentado avanços concretos, como a aprovação da reforma tributária.
Dessa forma, a escalada de críticas a Haddad não pode ser vista apenas sob a ótica econômica. Trata-se de um movimento estratégico, no qual diferentes atores – do mercado à oposição, passando por aliados e adversários dentro do próprio governo – tentam minar sua força como possível nome do PT para a próxima disputa presidencial. O ministro, por sua vez, terá que navegar com habilidade entre a condução da economia e a construção de um projeto político que o mantenha relevante para o futuro.
Os sinais emitidos pelos políticos indicam que o governo não pode se descuidar. Haddad é a melhor opção para conduzir a economia em um cenário onde forças poderosas, internas e externas, cercam o governo. Este momento é crucial, pois marca os dois últimos anos do mandato, em que minas terrestres foram espalhadas pelo ex-presidente do Banco Central, enquanto a base aliada está cada vez mais faminta por recursos do orçamento público.