quinta-feira 13 de março de 2025

Em estudo, exercício reduz efeitos do envelhecimento associado à obesidade

Pesquisa da Unicamp mostra que fazer atividade física ajuda a combater inflamação sistêmica provocada pelo excesso de peso e que é prejudicial ao sistema imunológico
@shutterstock

Entre os prejuízos à saúde provocados pelo excesso de peso está a chamada imunossenescência, que é o envelhecimento prematuro do sistema imunológico. Esse processo é desencadeado por uma inflamação crônica, causada pela liberação de substâncias inflamatórias pelo tecido adiposo.

“Isso faz com que as células de defesa envelheçam mais rápido, levando a uma diminuição na resposta imune que faz com que a pessoa fique mais suscetível a doenças infecciosas e enfermidades crônicas, como diabetes, AVC, infarto, alguns tipos de câncer e males degenerativos, como o Alzheimer”, explica o endocrinologista Clayton Macedo, do Hospital Israelita Albert Einstein. Publicado recentemente no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, um estudo realizado na Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, traz uma boa notícia para quem sofre com esse quadro: a prática de atividades físicas com intensidade moderada é capaz de reverter a imunossenescência.

Os pesquisadores recrutaram 167 homens e mulheres com idades entre 40 e 60 anos e os dividiram em três grupos: aqueles com obesidade; com obesidade e diabetes tipo 2; e pessoas com peso considerado adequado.

“Na triagem dos voluntários, fizemos diversos exames, como análises do sangue e biópsias do tecido gorduroso, e verificamos que aqueles que estavam obesos, com ou sem diabetes, apresentaram marcadores de envelhecimento nos linfócitos [glóbulos brancos do sistema imunológico] que não eram típicos da sua idade e não estavam presentes nos magros”, conta a professora doutora Cláudia Cavaglieri, coordenadora do Laboratório de Fisiologia do Exercício da Unicamp e a responsável por coordenar o trabalho.

Em seguida, os voluntários passaram a realizar três sessões semanais de uma hora de atividade física com intensidade moderada. Os treinos consistiam em meia hora de musculação e meia hora de corrida, caminhada ou pedalada em bicicleta ergométrica.

Após 16 semanas, foram feitas novas análises que revelaram uma redução na expressão gênica associada à inflamação e à imunossenescência, chegando a valores próximos aos encontrados em pessoas magras. “Vale destacar que os voluntários foram acompanhados nutricionalmente, mas não fizemos nenhuma alteração na dieta deles”, observa Cavaglieri.

Outro benefício obtido após esse período foi o combate a alterações metabólicas promovidas pela obesidade, especialmente aquelas relacionadas às moléculas de gordura. Esse é mais um fator ligado ao desenvolvimento de diabetes tipo 2 e outras doenças crônicas não transmissíveis.

De acordo com Cavaglieri, o treinamento combinado promove o efeito anti-inflamatório porque associa dois tipos de benefícios: mudança na composição corporal, com o ganho de massa magra proveniente dos treinos de força; e melhora dos indicadores cardiovasculares e diminuição da gordura, especialmente na região da cintura, provenientes das modalidades aeróbicas.

“O tecido adiposo libera mais substâncias inflamatórias, enquanto o tecido muscular tem efeito anti-inflamatório. Quando fazemos exercícios, o músculo libera miocinas, proteínas que ajudam a melhorar a sensibilidade à insulina e bloqueiam substâncias inflamatórias, melhorando a resposta do sistema imunológico”, explica a pesquisadora da Unicamp.

E não para por aí. “Os exercícios ainda melhoram os níveis de açúcar no sangue, diminuem o triglicérides e o LDL, o mau colesterol, aumentam o HDL, o bom colesterol, e renovam as células de defesa, que são outros fatores importantes para combater a obesidade e as comorbidades, além da perda cognitiva do envelhecimento”, acrescenta Macedo.

Para o médico do Einstein, esse estudo evidencia que os benefícios dos exercícios vão além da balança. “Muitas vezes, a perda de peso não é tão intensa quanto o esperado em relação aos números, mas eles alteram a composição corporal. Além de melhorar a aparência, faz com que sejam uma poderosa arma na prevenção e até mesmo como tratamento coadjuvante de doenças e suas complicações”, destaca Clayton Macedo.

Por Agência Einstein

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