2 de março de 2025 8:21 por Geraldo de Majella

Por Mácleim Carneiro
Recentemente, em um dos supermercados do aquário, tive a adorável experiência de reencontrar minha juventude e ter uma reação de fã, ao reconhecer um ídolo da época em que eu ia ao estádio Rei Pelé, para assistir aos jogos do CRB.
Enquanto esperava a minha vez de passar no caixa, percebi um senhorzinho franzino, de cabelos brancos, bem quietinho e discretamente posicionado próximo de onde eu estava.
Olhei-o mais atentamente, a procura de características que confirmassem ser quem eu imaginara que era. Sim, era negro, magrinho e tinhas as pernas fininhas e tortas, exatamente como o maior ponta esquerda que eu já vi jogar em todos os tempos.
Ali estava, a alguns passos do meu alcance, o jogador de futebol praticamente inalcançável dentro das quatro linhas, um ídolo do futebol alagoano, cujo apelido era Cão, de tanto infernizar as defesas adversárias, com seus dribles desconcertantes e arrancadas fatais pela lateral do campo. Sim, era ele, o grande Silva, de um CRB dos velhos e bons tempos de glórias.
Logo eu que, até então, não sabia ainda ser possível em mim a reação que tive, pois imaginava ter aprendido a desmitificar as personas que admiro.

Eu, que me compreendia um iconoclasta convicto, sobretudo, das imagens que construí em retrospecto, não resisti mais do que alguns segundos para me aproximar daquele senhorzinho e confirmar ser ele quem eu imaginava que seria e, sem titubear, lhe render frases e palavras de admiração, respeito e agradecimento, pelos momentos de alegria e glória, que o seu futebol maravilhoso havia me proporcionado, no tempo de geraldino, com um copo de raspadinha vermelha na mão e um cachorro-quente recheada de batata inglesa amassada e nada de salsicha.
Pois bem, devo ter me empolgado nos elogios e agradecimentos ao grande Silva, pois, quando dei por mim, as pessoas em volta – até então alheias ao grande ídolo do futebol alagoano e maior artilheiro dos clássicos até hoje – estavam todas com olhares curiosos voltados para ele.
Talvez, pelo jeito quieto e discretíssimo, ele seja tímido e não quisesse ser reconhecido por ninguém, isso jamais saberei. O fato é que, ao me despedir, deixei-o com um sorriso no rosto e fui embora feliz, pois, naquele exato momento, além de um ídolo do passado, eu também havia encontrado a minha alegria espontânea e incontida, como os gols e cruzamentos perfeitos do extraordinário Silva Cão.
NO +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!