14 de março de 2025 2:21 por Da Redação

O reuso de efluentes tratados como alternativa sustentável para o abastecimento industrial em Alagoas é o foco de um estudo que será lançado, nesta segunda-feira (17), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea) e o Governo de Alagoas. Com um índice de tratamento de esgoto de apenas 14,8%, Alagoas enfrenta desafios na gestão de recursos hídricos, tornando essencial a busca por soluções sustentáveis.
O estudo Reuso de Efluentes para Abastecimento Industrial: Avaliação da Oferta e da Demanda no Estado de Alagoas mapeou 116 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e identificou oportunidades para conectar essas unidades a indústrias próximas, reduzindo a captação de água dos mananciais e promovendo a economia circular.
O documento será divulgado em evento no Palácio República dos Palmares, com a participação do governador Paulo Dantas, do ministro de Transportes, Renan Filho; do presidente da CNI, Ricardo Alban; do presidente da Fiea, José Carlos Lyra de Andrade, além de empresários e representantes de órgãos ambientais e concessionárias de saneamento.
Reuso em polos dará mais resiliência hídrica ao estado
Os resultados destacaram o Polo Industrial José Aprígio Vilela, em Marechal Deodoro, e a ETE Teotônio Vilela como casos potenciais de reuso no estado. De acordo com o levantamento, a implementação dessas estratégias pode garantir maior resiliência hídrica para as indústrias, reduzir custos operacionais e minimizar impactos ambientais.
O estudo também detalhou o panorama do estado e identificou que, dos 102 municípios alagoanos, 42 estão no semiárido – região que enfrenta problemas crônicos de seca e que abriga 30% da população. Embora o déficit hídrico seja mais crítico no semiárido, outras regiões de Alagoas também precisam de estratégias eficazes para garantir a sustentabilidade do abastecimento de água.

“A escassez de água é uma realidade em diversas regiões do país, e a indústria precisa ser protagonista na busca por alternativas sustentáveis. O reúso de efluentes não só é viável, como pode transformar a maneira como os recursos hídricos são gerenciados em Alagoas, fortalecendo o desenvolvimento econômico e a resiliência hídrica do estado”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Além da apresentação do levantamento, será assinado um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre a CNI, a Fiea e o Governo de Alagoas para compartilhamento de informações com o objetivo de atualizar, em tempo real, os dados usados no estudo e, assim, permitir que ações na região sejam amparadas, de forma precisa, a partir do mapeamento apresentado nesta segunda.
Oportunidades e desafios para a indústria
A pesquisa usou duas metodologias para mapear a viabilidade do reúso de efluentes em Alagoas:
- Análise ETE-Usuário: identifica a proximidade entre Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e indústrias potenciais usuárias da água de reúso, considerando volume disponível e demanda industrial.
- Índice de Aptidão de Reúso (IAR): avalia o potencial de diferentes regiões para a implementação de projetos de reúso com base em critérios como demanda hídrica, volume de efluentes gerados e equilíbrio hídrico.
Os resultados apontam que a adoção de água de reuso pode reduzir significativamente a pressão sobre os mananciais do estado, promovendo uma abordagem mais sustentável para a gestão da água.
“O reuso de efluentes representa uma oportunidade concreta para a indústria adotar um modelo produtivo mais sustentável. Este estudo nos mostra que Alagoas tem condições de implementar soluções inovadoras que garantam segurança hídrica e competitividade para o setor produtivo”, destacou o presidente da FIEA, José Carlos Lyra de Andrade.

Parceria entre setor produtivo e governo visa fortalecer segurança hídrica
O estudo é parte de uma série de iniciativas da CNI para fomentar a segurança hídrica no país, e já foi aplicado em outros estados como Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Em Alagoas, a pesquisa contou com o envolvimento da FIEA, da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do estado e de todas as concessionárias locais de saneamento (Casal, Águas do Sertão, BRK, Sanama e Verde Alagoas).
Por Assessoria