18 de março de 2025 1:03 por Da Redação
A extrema-direita de Alagoas elegeu seis parlamentares por três partidos. Pelo Partido Progressista (PP), foram eleitos o deputado federal Delegado Fábio Costa e o vereador de Maceió Delegado Thiago Prado. No União Brasil, os representantes são o deputado federal Alfredo Gaspar e o deputado estadual Delegado Leonam Rodrigues. Já pelo Partido Liberal (PL), foram eleitos o deputado estadual Cabo Bebeto e o vereador de Maceió Leonardo Dias.
Essa é a bancada-raiz, diretamente alinhada às orientações do núcleo extremista nacional comandado pela família Bolsonaro. Além desses, há outros parlamentares que aderiram aos ideários da extrema-direita, mas, sem a mesma estridência na propagação de fake news. No jargão político, podem ser classificados como “oportunistas”, o que não significa que não sejam de direita. Esse segundo grupo enxergou na extrema-direita uma janela de oportunidade eleitoral e uma forma de ampliar suas vantagens, seja por meio do orçamento secreto ou de outras benesses do poder.
O espaço para a sobrevivência desse grupo com mandato parlamentar será testado em 2026. Dois dos principais representantes da extrema-direita em Alagoas, Alfredo Gaspar e Fábio Costa, foram eleitos deputados federais pelo União Brasil e PP, respectivamente, graças às chapas montadas pelo então todo-poderoso presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. No entanto, a conjuntura política vem se modificando, e o MDB, junto com sua base de apoio estadual, tende a crescer ainda mais na disputa pelas vagas na Câmara Federal.
Dois fatores fundamentais impulsionaram a eleição desses deputados: o alto volume de recursos do fundo eleitoral e a radicalização do discurso ideológico, aliados a uma conjuntura favorável, em que Jair Bolsonaro disputava palmo a palmo a Presidência da República com Lula. Em 2026, esse cenário será diferente. Bolsonaro, muito provavelmente, estará encarcerado como líder de uma poderosa organização criminosa, ao lado de seus principais comparsas, o que deve alterar, significativamente, a dinâmica eleitoral da extrema-direita.
Esses deputados não possuem bases eleitorais consolidadas no interior do estado. Na linguagem política, isso significa que não contam com o apoio estruturado de prefeitos, vereadores e ex-prefeitos para impulsionar suas candidaturas nos municípios. Esse espaço já está ocupado por outros grupos políticos, inclusive por bolsonaristas de outra matriz eleitoral, o que dificulta a sustentação de suas reeleições sem uma conjuntura nacional favorável.
O cenário ainda não é desesperador, mas o tempo pode ser tanto um aliado quanto um algoz. A organização de um partido político não é tarefa para amadores ou deslumbrados com o próprio discurso, assim como a disputa pelas nove vagas para a Câmara dos Deputados exige mais do que mero apelo midiático. A população, muito provavelmente, não repetirá a escolha de apresentadores de Plantão de Polícia ou de justiceiros que perseguem pobres, negros e moradores da periferia, sobretudo em um contexto de mudança na conjuntura eleitoral como está sendo sinalizada.
O ciclo pode estar terminando, ainda é cedo para afirmar, mas para os analistas políticos, serve como um alerta. A diminuição da mobilização e os novos desafios enfrentados pela extrema-direita em Alagoas são sinais de que a dinâmica política está em transformação, exigindo uma análise atenta sobre os rumos que o cenário eleitoral poderá tomar nos próximos anos.