13 de abril de 2025 9:44 por Da Redação

João Henrique Caldas (PL), o prefeito de Maceió, construiu sua imagem política a partir de uma identidade cuidadosamente moldada: a de um evangélico fiel aos valores da religião. Durante sua candidatura em 2016, quando concorreu pela primeira vez à Prefeitura, a estratégia foi clara: distanciar-se de setores que poderiam ser vistos como “contrários” aos princípios de muitos evangélicos, como as religiões de matriz africana, as comunidades LGBTQI+ e outros grupos historicamente marginalizados.
A orientação era expressa: não se aproximar de Mãe de Santo, Babalorixás ou LGBTQI+ para não perder os votos da base evangélica. Essa fórmula se repetiu em todas as campanhas, incluindo a proibição da Parada Gay na praia de Ponta Verde em 2023 — um movimento claramente voltado para agradar o eleitorado conservador e reforçar sua imagem como “defensor dos valores cristãos”.
Porém, agora acontece uma guinada inesperada: Pabllo Vittar, ícone da música pop e da comunidade LGBTQI+, será uma das atrações do São João de Maceió. A mudança repentina de postura levanta suspeitas sobre os verdadeiros interesses por trás dessa decisão. O que motiva essa virada? Um novo posicionamento ideológico? Um despertar tardio para a diversidade? Ou apenas um cálculo eleitoral?
É impossível ignorar o envolvimento da família de JHC com os meios de comunicação, donos de emissoras de rádio e televisão — alugadas, curiosamente, para igrejas evangélicas. Um negócio lucrativo, com dividendos políticos. A presença de Vittar, nesse contexto, parece menos uma celebração da diversidade e mais uma jogada de marketing mirando um público até então desprezado por sua gestão.
A mudança de discurso de JHC tem cheiro de oportunismo. Depois de se valer da imagem conservadora para conquistar a prefeitura, agora tenta expandir suas alianças e agradar novos públicos. Mas é difícil acreditar em sinceridade quando o histórico revela o contrário.
Se tivesse compromisso com valores como inclusão e respeito, esse posicionamento não viria apenas agora, embalado por likes e interesses eleitorais. Não será surpresa se JHC, em breve, aparecer nas redes sociais apoiando casamento gay, como mais uma peça do teatro político que tenta agradar a todos — mas que, no fundo, não representa ninguém de verdade.