13 de abril de 2025 2:07 por Da Redação

Por Geraldo de Majella*
Ngange Mbaye, imigrante senegalês, trabalhador ambulante, pai de dois filhos, foi executado com um tiro no peito por um policial militar no Brás, em São Paulo, na tarde de quinta-feira (11). Seu crime? Vender mercadorias para sustentar a família. A barbárie aconteceu após a abordagem covarde da PM, que apreendeu sua mercadoria — e disparou contra ele.
Ngange ainda foi socorrido e levado à Santa Casa, mas não resistiu. Nesta sexta-feira (12), centenas de senegaleses tomaram as ruas do Brás em protesto. Gritaram contra a violência policial, o racismo, o descaso com vidas negras e migrantes. Gritaram por justiça.
Imigrantes de outras nações africanas, ambulantes brasileiros e pessoas solidárias caminharam junto, denunciando: a polícia de São Paulo mata com autorização do Estado.
São Paulo tem a polícia mais violenta do Brasil, com um histórico sangrento de execuções e repressão. Sob o governo de Tarcísio de Freitas e a tutela do secretário de segurança, o capitão Guilherme Derrite — acusado de ao menos seis homicídios quando atuava na ROTA —, a lógica do extermínio se fortalece. O inimigo é sempre o mesmo: negro, pobre, periférico, imigrante, trabalhador informal.
Não se trata de um caso isolado. É política de Estado. É racismo institucional. É capitalismo selvagem que não tolera a sobrevivência de quem ousa existir fora das regras do mercado e da repressão.
Ngange Mbaye veio ao Brasil para buscar dignidade. Encontrou uma polícia treinada para matar. Sua morte é um grito que ecoa por justiça, por reparação, por outra sociedade possível.
Ngange Mbaye vive na luta dos que se recusam a aceitar o genocídio como rotina.
*Geraldo de Majella é historiador e jornalista