
O sururu é uma das iguarias mais importantes para a construção da identidade cultural e gastronômica em Alagoas. Para famílias e pescadores, uma fração significativa é constituída por marisqueiras, sua pesca é fonte de renda.
Encontrado nas Lagoas Mundaú e Manguaba, o sururu tem um papel fundamental na ecologia: ajuda na qualidade da água das lagoas e no equilíbrio dos mangues.
O título de patrimônio imaterial foi concedido pelo Conselho Estadual da Cultura no ano de 2014. Ao coco, no caldinho, na fritada e no capote, o sururu apresenta sua variedade na culinária. E, sem desperdícios, até mesmo a casca pode ser reaproveitada na construção civil: fabricação de tijolos e revestimentos.
Porém, antes de chegar no prato, o marisco é transportado por trem e VLT. Na Estação Sururu de Capote, marisqueiros e marisqueiras relatam o cotidiano e as dificuldades para se manterem trabalhando.
“A gente precisa do trem. Ele é a mãe e o pai da gente. Ninguém consegue viver aqui e ser marisqueira sem o trem”, relata Maria José Luci da Silva, de 58 anos, marisqueira de Rio Largo.
A CBTU desempenha uma função importante na circulação dos mariscos. Segundo a trabalhadora Maria Cícera da Silva, de 71 anos, o trem é uma maneira mais viável e econômica.
“[…] Estou aqui de segunda a sábado, venho e volto de trem. Amo o trem. É barato e confortável e todo mundo trata a gente bem. Se não fosse a CBTU aqui, a gente morria de fome porque o transporte alternativo cobra 30 reais pra gente ir e voltar de Rio Largo e não aceita carregar o sururu. O ônibus é pior ainda, além de caro, não tem para cá e não deixa a gente entrar com baldes.”
De acordo com o marisqueiro Paulo Roberto do Nascimento, o trabalho que ele exerce atualmente seria impossibilitado se não existisse a condução ferroviária: “Tenho clientes na Barra Nova, no Farol, e em Rio Largo. E na Semana Santa, pode chegar até 50 quilos diários. Sem o trem, a gente estaria perdido. Não tem como ser marisqueiro sem o trem.”