12 de outubro de 2020 7:18 por Thania Valença
Os programas do Guia Eleitoral produzidos pelos três candidatos melhor colocados nas pesquisas de intenção de votos para prefeito de Maceió, têm algo em comum. Tanto Alfredo Gaspar (MDB) quanto JHC (PSB) e Davi Filho (PP) expõem a miséria da população da periferia, como se isso fosse ajudá-los a convencer os eleitores de que são capazes de mudar essa realidade.
Independente do que digam hoje, os três foram ou são aliados do prefeito Rui Palmeira (sem partido). Um deles, Alfredo Gaspar, que tem apoio claro e oficial, terá dificuldades para se descolar da desmotivada administração do quase ex-prefeito da capital alagoana.
Afinal sua candidatura uniu o atual prefeito e o governador Renan Filho (MDB), num acordo político com foco na eleição de 2022. Se lhe deu estrutura para uma campanha com o peso de ser candidato a prefeito da capital na primeira disputa eleitoral de sua vida, o apoio de Rui já não é tão desejado.
E é justamente na periferia onde Alfredo precisa firmar-se com a mesma independência que caracterizou seu desempenho como promotor de Justiça, e até como secretário de Segurança Pública.
Resta saber como conseguirá falar dos graves problemas que Maceió apresenta, sem que isso signifique crítica à gestão de Rui, agora seu aliado.
O prefeito e os ex-amigos
Ainda em janeiro deste ano, antes do ‘furacão’ coronavírus, o atual prefeito revelou que vinha conversando com vários dos políticos que estavam se articulando para disputar a sucessão municipal, e citou, entre eles, o jovem deputado estadual Davi Filho.
Na época, o deputado confirmou que havia se reunido com Rui Palmeira e conversado sobre a gestão municipal. “Estamos abertos a dialogar com todos que tenham o mesmo propósito, que é o bem de Maceió”, disse o parlamentar, em entrevista à Gazeta de Alagoas, publicada no dia 28 de janeiro.
Agora, quando se apresenta para a disputa, Davi Filho, cujo partido, o PP, é parte do bloco de sustentação do prefeito, escolhe Rui Palmeira como inimigo eleitoral.
Só esquece que seu trabalho, e de seu pai, vereador Davi Davino, é apoiado na estrutura do sistema público de saúde estadual e municipal. Resta saber se conseguirá convencer o eleitor de que tem maturidade política e capacidade para enfrentar os problemas da capital.
Já em relação a JHC, este foi o único que Rui Palmeira descartou qualquer possibilidade de aliança. Lembrando que, mesmo tendo indicado um secretário em sua primeira gestão (2013-2016), JHC lhe fez oposição, o prefeito riscou de sua lista o nome de João Henrique Caldas.
“Ele é oposição”, disse Rui, em outubro de 2019.
Pelo que tem mostrado e dito no Guia Eleitoral, JHC levou a sério o rompimento. Seu discurso nos programas de TV tem sido bastante crítico em relação a gestão de Rui Palmeira.