23 de novembro de 2020 2:01 por Geraldo de Majella
O experiente navegador florentino Américo Vespúcio (1454-1512) no dia 4 de outubro de 1501 encontrou o rio São Francisco. Pelo calendário hagiológico (de santos), era o dia de São Francisco de Assis. O rio São Francisco dos colonizadores era um velho conhecido dos indígenas, que o chamavam de Opara, o que em sua língua tinha o significado de “o rio”.
Vespúcio, que vinha de batizar o cabo de Santo Agostinho e o rio São Miguel, seguiu viagem no rumo sul e batizou sucessivamente os diferentes rios e acidentes geográficos encontrados na costa recém-descoberta, que séculos depois viria a ser o estado de Alagoas.
O português Duarte Coelho Pereira, primeiro donatário da Capitania de Pernambuco e fundador de Olinda em 10 de outubro de 1555, navegou pelo rio São Francisco com as suas embarcações até onde hoje é a cidade do Penedo, meio século depois de Américo Vespúcio.
Penedo tem uma história de lutas e guerras com marcas bem definidas: portuguesas e holandesas, preservadas até os dias atuais. É uma cidade que encanta quem a conhece, como foi o caso do escritor Jorge Amado, do sociólogo Gilberto Freire e de Pierre Fatumbi Verger, fotógrafo, etnólogo e escritor francês que esteve em Penedo em 1947 e 1951, deixando para a posteridade uma coleção de fotografias fantásticas dos monumentos históricos e do cotidiano do povo trabalhador ribeirinho.
O artista plástico Cícero Tadeu Gomes, o Tadeu dos Bonecos, sergipano nascido em Neópolis, que quando criança foi morar em Olinda, na escola aprendeu a fazer esculturas de papel. Aos 13 anos voltou para morar em Penedo com a família. Em Penedo começou a fazer burrinhas de papelão, aperfeiçoou o estilo até confeccionar os bonecos gigantes. Ganhou notoriedade por ser o autor do maior boneco do Brasil, o Galeante da Noite, com 4,5 metros de altura. O talento desse artista plástico e a beleza da cidade dão um ar diferente ao carnaval de Alagoas.
Penedo também é uma cidade de mestres santeiros, uma tradição mantida por Antônio Francisco Santos, conhecido como Timaia Santeiro. Há mais de 40 anos ele transforma madeira em santos, em Jesus, em carrancas e em bustos de personalidades. Timaia aprendeu a arte com o mestre Antônio Pedro dos Santos (falecido), descendente da Escola de Santeiros do Penedo. Estudou na Escola de Artes Circulista de Penedo, na década de setenta, cujo presidente era o mestre Antônio Pedro dos Santos, de quem se tornou discípulo. Há muito tempo tornou-se um mestre que vem formando novas gerações de santeiros na cidade.
A cidade de Penedo é uma joia barroca, guardiã do rio São Francisco e terra de artistas.