sábado 23 de novembro de 2024

Não existe almoço grátis

A cooptação de Carlos Jorge Monteiro é uma das peças do marketing a ser mostrado na vitrine da atual gestão municipal.

8 de janeiro de 2021 9:15 por Geraldo de Majella

Carlos Jorge e o bilionário João Paulo Lemann

O economista norte-americano Milton Friedman, prêmio Nobel de Economia de 1976, popularizou esta frase ao usá-la, em 1975, como o título de um de seus livros. É recomendável observar como esse conceito fica tão evidente em nossa cidade.

A Secretaria de Assistência Social foi reivindicada pelo vice-prefeito Ronaldo Lessa, mas o prefeito JHC negou. Isso é um fato público. O senador Rodrigo Cunha (PSDB), em comum acordo com o prefeito, indicou para a secretaria o estudante de administração Carlos Jorge Monteiro, presidente da ONG Instituto Mandaver.

Carlos Jorge é uma das lideranças em formação que está na órbita da Fundação Lemann, braço político do bilionário João Paulo Lemann. A fundação é “uma organização familiar sem fins lucrativos brasileira que colabora com iniciativas para a educação pública em todo o Brasil e apoia pessoas comprometidas em resolver grandes desafios sociais do país”.

O bilionário João Paulo Lemann não é um humanista ou filantropo como algumas pessoas podem pensar que seja. O apoio a centenas de talentos, lideranças e organizações que trabalham pela transformação social tem um foco na formação de uma elite que possa influir na continuidade da sociedade de consumo e na financeirização ainda maior do mundo. Para isso o discurso ideológico tem como prática a difusão do empreendedorismo.

A penetração de instituições como a Fundação Lemann tem crescido no país e muitas lideranças promissoras estão sendo recrutadas para servir de braço longo da elite econômica, que no andar de cima torpedeia, através de seus representante no Congresso Nacional, as políticas públicas. O caso mais gritante foi a aprovação da lei do teto de gastos, que atingiu em cheio a saúde, a educação e a assistência social.
Lemann anuncia no site da fundação que a sua participação política tem um capital de “mais de 2 milhões de votos; dezenas de pessoas da nossa rede participaram das eleições 2018 pelo desenvolvimento social”.

Carlos Jorge e o senador Rodrigo Cunha

O grupo formado por JHC, Rodrigo Cunha e Davi Maia tem ligações políticas e ideológicas com essa concepção de mundo. Os três se ligaram à Fundação Lemann e ao RenovaBr na defesa dos princípios privatistas da maior parte das ações do Estado.

A cooptação de Carlos Jorge Monteiro é uma das peças do marketing a ser mostrado na vitrine da atual gestão municipal. Para tanto, é preciso dizer que os interesses se somam: é um jogo em que todos eles ganham. O Instituto Mandaver será usado como trampolim político. Assim, os três políticos ganham ao apresentar Carlos Jorge, um jovem de 33 anos de idade, como líder de origem no bairro do Vergel do Lago.

Carlos Jorge também ganha ao ser referenciado pela Fundação Lemann como um caso de sucesso que vem conseguindo superar obstáculos e dificuldades baseado em estratégias previamente definidas pelos seus mentores intelectuais e ideológicos.

As políticas públicas para a assistência social ainda não foram anunciada; é importante que sejam anunciadas e que fique claro quais são. O secretário Carlos Jorge tem expertise como ativista social e dirigente de ONG, mas a Secretaria de Assistência Social não é e não deve ser transformada numa Organização Não Governamental (ONG).

Como disse Milton Friedman, não existe almoço grátis.

União e olho vivo.

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