21 de maio de 2021 2:48 por Geraldo de Majella
O encontro dos ex-presidentes Lula (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) é o fato político mais importante, além da CPI da Covid. Os ex-presidentes até bem pouco tempo trocaram farpas, com críticas de parte a parte. O encontro foi organizado pelo ex-ministro Nelson Jobim: “Os ex-presidentes tiveram uma longa conversa sobre o Brasil, sobre nossa democracia, e o descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia“.
O diálogo entre FHC e Lula é um passo em direção as eleições de 2022. Os pontos de convergência são conhecidos: a defesa da democracia e a repulsa ao autoritarismo encarnado por Bolsonaro, a afirmação das instituições do Estado brasileiro e a defesa Estado Democrático de Direito.
A discussão eleitoral foi o prato principal do encontro; os sinais mais claros serão emitidos através das falas futuras dos dois ex-presidentes. Essa aproximação é a possibilidade de mudanças de rumo de PT e PSDB que têm disputado a hegemonia política nacional nas últimas décadas.
Atrair o Centro para uma composição político-eleitoral tem sido o objetivo de Lula desde que foi solto. O encontro com FHC é um sinal evidente de que a derrota de Bolsonaro e da extrema-direita, o primeiro passo é a consolidação de uma ampla frente de partidos e forças sociais que tenham na democracia o seu principal valor.
O Brasil, antes da pandemia, vinha sendo destroçado pela política econômico-social e pela subserviente relação com o ex-presidente do EUA, Donald Trump. A pandemia e a política negacionista de Bolsonaro têm levado o país ao isolamento internacional e ao aumento da miséria.
A pacificação do país é uma obra coletiva que pode ser iniciada com Lula e FHC discutindo o futuro do Brasil. Os dois terão de ceder em suas posições; essa é uma condição para a constituição de uma frente pela democracia, ou que nome venha ter, contanto que a democracia seja colocada como um objetivo a ser alcançado.
É chegada a hora de olhar para frente, definir quem é o inimigo e derrotá-lo.