25 de junho de 2021 11:26 por Geraldo de Majella
A morte do padre, professor e promotor de Justiça Estevão da Rocha Lima (1930-2021) deu-se hoje na Santa Casa de Misericórdia de Maceió, em consequência de complicações da Covid-19.
Estevão era filho de João da Rocha Coelho e Antônia da Rocha Lima. Iniciou os estudos primários no Grupo Escolar Rui Barbosa, em Anadia, sua terra natal. Ingressou no Seminário Provincial de Maceió, onde cursou Humanidades, Filosofia e Teologia, sendo ordenado sacerdote em 1953.
No exercício do Ministério Pastoral, começou em Anadia a sua trajetória como pároco; em seguida, passou por Murici, Santa Isabel do Rio Preto, Maribondo, Passo e Matriz de Camaragibe e Fernão Velho, em Maceió.
É licenciado em Letras e em Filosofia e Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal); Mestre em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco(UFPE).
O magistério foi uma das suas atividades de toda a vida ‒ o estudo de línguas, em particular, pois foi professor de latim, grego, inglês, francês e da língua portuguesa.
Esse raro intelectual se comportava com uma humildade franciscana e mantinha diálogos em pé de igualdade com os eruditos e com cidadãos iletrados na feira livre de Anadia ou nas sacristias das paróquias onde exercia o sacerdócio.
As lembranças mais antigas remetem à minha infância em Anadia, quando o padre Estevão da Rocha ‒ à época, não morava na cidade – vinha visitar os pais com regularidade e passava horas conversando com meus pais. Eram conversas de adultos. O padre procurava sempre saber o que eu estava estudando.
Éramos vizinhos, e os meus pais, além de amigos, casaram-se tendo-o como celebrante da cerimônia religiosa. O meu nome foi dado por meu avô, Salvador Elísio Marques, sacristão da cidade e devoto de São Geraldo. Foi Estevão quem indicou a grafia para ser registrada em cartório.
Dotado de inteligência prodigiosa e de uma vida profícua em vários campos do conhecimento e da atividade pública, exerceu o sacerdócio, o magistério como professor do ensino médio, foi diretor de escola, professor universitário, professor do seminário metropolitano e promotor de Justiça.
Membro fundador da Academia Anadiense de Letras e Artes (AALA), nela ocupa a cadeira nº 4, cujo patrono é Diógenes Aranda. O último contato que mantivemos foi na reunião virtual da AALA, no dia 12 de maio.
Obras:
O Ritmo na Poesia de Ovídio, Recife: Mousinho Artefatos, 1958, sua tese de concurso;
Literatura Brasileira – Vestibular, Maceió: SERGASA;
Era Eu Que Estava Nu, São Paulo: Ed. Ave Maria, 1967, reflexões bíblicas (em 2ª edição, Ed. Ser, Brasília);
Literatura Brasileira – Vestibular, Maceió: Editora Gráfica Diário de Alagoas S/A, 1974;
Olim Meminisse Juvabit, Maceió, [s ed.], 1958 e 2ª edição ampliada em 2014;
Estilos em Confrontos, Maceió: EDUFAL, 1980;
O Signo Poético, EDUFAL: 2ª Ed. revisada e atualizada, Maceió: EDUFAL, 2006;
Ritmos e Versos, Maceió: Gráfica e Editora MSegundo, 2016.
2 Comentários
O Senhor o receba em sua morada eterna!
Conheci professor de Latim no seminário diocesano de Maceió. Humildade igual a sua assiduidade como professor. Na USP, em São Paulo comentava-se que era o maior latinista do paí. Em São Paulo. Que Deus receba-o em suprema glória.