12 de agosto de 2021 12:59 por Marcos Berillo
O empresário e político João Lyra morreu hoje (12), em Maceió, por complicações da Covid-19. Ele tinha 90 anos.
JL, como era conhecido, não apresentava mais o vírus, porém, precisou ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital onde estava internado há semanas, por conta de uma pneumonia.
Como empresário, foi fundador do Grupo João Lyra, com atuação nos ramos sucroalcooleiro, automobilístico, de produção de adubos, comunicação e transporte aéreo. O processo de falência do grupo empresarial se arrasta há cerca de uma década.
Na política, assumiu o cargo de senador por Alagoas em 1989, após o titular, Guilherme Palmeira, ter sido eleito prefeito de Maceió. Foi ainda deputado federal e, em 2006, candidato ao governo de Alagoas, foi derrotado por Teotônio Vilela Filho.
Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), João Lyra passou seus últimos dias de vida recluso em um apartamento no bairro da Ponta Verde, área nobre de Maceió.
Biografia
João José Pereira de Lyra (1931-2021) nasceu em Recife-PE, no dia 17 de junho de 1931. Filho de Salvador Pereira de Lyra e de Maria da Conceição Diniz Pereira de Lyra, o usineiro criou o que muitos empresários do setor sucroalcooleiro classificavam como um “império”.
Chegou a ser proprietário de cinco usinas de açúcar, sendo três em Alagoas e duas Minas Gerais. Em Alagoas, fundou a Usina Laginha, em União dos Palmares, Usina Guaxuma, em Coruripe, e comprou a Usina Uruba, em Atalaia.
Lyra, durante muitos anos foi proprietário de uma das concessionárias Volkswagen, a Mapel, e também passou a atuar como empresário de veículos de comunicação, com a rádio O Jornal FM e do diário impresso, O Jornal. A diversificação de suas atividades empresariais incluem uma empresa de táxi aéreo e uma fábrica de adubo.
Falência
A partir de 2012, o império empresarial do usineiro João Lyra, desmoronou e o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), em função da grave crise financeira do Grupo JL. As consequências da falência do empresário arrasta milhares de trabalhadores que ficaram sem receber seus salários e os direitos trabalhistas e previdenciários.
A quebradeira em cascata de milhares de fornecedores nas cidades onde os parques industriais estão instalados ampliou, ainda mais, as dificuldades das empresas e, consequentemente, de seus trabalhadores.
O usineiro João Lyra atuou ainda como líder classista, tendo sido presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar do Estado, conselheiro da Associação Comercial e presidente da Associação dos Produtores Independentes de Açúcar e Álcool.
A trajetória política
João Lyra foi senador da República tendo assumido em 1989, substituindo o titular, Guilherme Palmeira, que foi eleito prefeito de Maceió em novembro de 1988.
JL foi eleito suplente de senador pelo PDS em 1982, assumiu o mandato em 1989 com a eleição de Guilherme Palmeira para prefeito de Maceió. O usineiro João Lyra, o deputado federal Geraldo Bulhões e o então deputado federal e candidato a governador de Alagoas Fernando Collor saíram do PDS, partido da ditadura militar, e se filiaram ao PMDB. Em seguida, migrou para o PSC e foi derrotado ao tentar a reeleição pelo recém-criado estado de Roraima em 1990.
Retornando o domicilio eleitoral para Alagoas, é eleito deputado federal pelo PTB em 2002. É derrotado como candidato ao governo de Alagoas em 2006, mas, reelegeu-se deputado federal em 2010, pelo PTB.
Perfil empresarial
Empresário do setor sucroalcooleiro, fundou o grupo João Lyra e presidiu a Laginha Agroindústria S.A., a matriz Usina Laginha, em União dos Palmares (AL), a partir de 1951. Foi ainda sócio-gerente da Maceió Veículos e Peças Ltda a partir de 1972.
Dois anos depois, passou a presidir também a filial Usina Uruba em Atalaia (AL). No ano seguinte, exerceu esse mesmo cargo na filial Usina Guaxuma em Coruripe (AL). Em 1985, tornou-se sócio gerente da JL Comercial Agroquímica Ltda e, em 1987, da LUG Táxi Aéreo Ltda, sediada em Rio Largo (AL). Em 1988, passou a presidir a filial Usina Triálcool em Ituiutaba (MG), tornou-se sócio gerente da SAPE em Atalaia (AL) e em 2001 presidiu também a Usina Vale do Paranaíba em Capinópolis (MG).