13 de agosto de 2021 6:55 por Mácleim Carneiro
Quem chega ao prédio da antiga reitoria, situado em frente à Praça Sinimbu, centro de Maceió, não percebe de imediato a claridade solar que ilumina o simpático e arborizado pátio interno. E mais: tal claridade se harmoniza em perfeita sintonia com o que acontece em seu entorno criativo, onde a música e o teatro convivem lado a lado com o ensino de possibilidades mais que lúdicas. Possibilidades que só o aprendizado de uma nova língua é capaz de oferecer. Nesse contexto, a Casa de Cultura Latino-Americana (CCLA), em 2019, vivia um dos seus melhores momentos. Salas cheias, a procura maior que a demanda, professores e alunos empolgados com as boas-novas do mercado. Principalmente, para quem optava pelo espanhol, como escolha de uma nova língua. Para quem não sabe, esta é a terceira língua mais falada no mundo. Hoje, 450 milhões de pessoas falam o espanhol como idioma nativo, só perdendo para o Mandarim Chinês.
Mas o que está por trás de tanta procura pela língua românica da Península Ibérica? As opiniões são várias, porém, convergentes. Para a professora de espanhol e, à época, coordenadora da CCLA, Eliane Barbosa, a maior percepção do significado do MERCOSUL e as reais possibilidades de trabalho na área do turismo, principalmente na rede hoteleira de Alagoas, eram os motivos mais que suficientes para o curso de espanhol ter tido um acréscimo considerável em sua procura. Cerca de 850 alunos estavam matriculados. Um contingente bastante heterogêneo, pela faixa etária, que ia dos 12 anos até a terceira idade e, também, pelas atividades individuais. Donas de casa, secundaristas, advogados, acadêmicos, professores do ensino médio, todos dispostos a chegar até o fim dos sete semestres necessários para obtenção do diploma.
Opiniões e Esperanças
O aluno de espanhol, e acadêmico de ciências biológicas, Carlos Correia, dizia que as viagens e os estudos foram os motivos principais que o impulsionou a escolher a língua espanhola. No entanto, algo interessante lhe chamou atenção, logo nas primeiras aulas. Para ele, caiu o mito, comum a quase todo brasileiro, de que falar espanhol é fácil, até mesmo pela proximidade com a língua portuguesa. “O espanhol tem uma história embutida, não é uma língua fria como o inglês”, observava ele. Já a professora de espanhol Delia Ortiz, que também era presidente da Associação dos Professores de Espanhol de Alagoas (APEAL), chamava atenção para um fato interessante: “O Estado de Alagoas não tem professores de espanhol suficientes. Há uma necessidade de se criar grupos específicos para suprir a demanda. Por certo, a oferta de trabalho irá atrair os estudantes de letras para o espanhol.”
Foi-se o tempo em que o idioma originário do norte da Espanha e, posteriormente, levado para as Américas, entre os séculos XV e XIX, dependia da expansão do Império Espanhol para crescer. Não queremos ser o México (que tem a maior população de falantes de espanhol), mas também não precisamos mutilar o español ou castellano, uma das seis línguas oficiais das Nações Unidas, como fez, certa vez, aquele alagoano ignóbil em sua ridícula expressão, “duela a quem duela”. Portanto, só depende de você. A Casa, certamente, estará de portas abertas.
No +,MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!