25 de agosto de 2021 6:58 por Geraldo de Majella
Os arreganhos golpistas anunciados pelo presidente da República é quase um lugar-comum em suas falas. Acontece que as suas bases – as mais fiéis -, são os policiais militares, com quem mantém permanentes relações desde a campanha eleitoral. Essa é a cabeça de ponte do golpe. Ou pelo menos é a mais provável.
As polícias militares têm como comandante-em-chefe os governadores. É chegada a hora de os governadores testarem a sua autoridade e controle sobre os comandos, e estes sobre as tropas. Manter a cadeia de comando é vital entre os militares e uma das razões de sua existência.
A defesa do Estado Democrático de Direito é fundamental para a democracia. A conspiração golpista desenvolvida por Bolsonaro tem sido realizada à luz do dia. As manifestações públicas das lideranças políticas – e não são apenas as da esquerda, mas a maioria dos que são contra a ruptura constitucional – não têm sido fortes o suficiente para criar na sociedade um movimento de massas que vá além da resistência, implicando a repulsa ao autoritarismo.
Os governadores de oposição têm sido as primeiras vítimas dos golpistas castrenses (militares), seja mediante motins, seja por meio de greves violentas. Todos esses arreganhos têm sido anunciados por policiais militares, da ativa ou da reserva, em falas que reverberam nos parlamentos através dos seus representantes eleitos.
Os democratas e os movimentos sociais não podem ficar esperando pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para punir golpistas. O STF tem agido com rapidez no sentido de resguardar a ordem democrática, mas os próximos quinze dias terão de ser de intensa mobilização da opinião pública em defesa da democracia.
O trabalho de articulação política nas diversas frentes é essencial para unir todos os segmentos que defendem a democracia e o Estado de Direito. Sem essa pré-condição não serão possíveis eleições livres e a sobrevivência da democracia.
O papel dos governadores tem sido relevante na resistência à política genocida de Bolsonaro durante a pandemia, mas chegou a hora de união pela sobrevivência de todos como atores políticos, e do Brasil como país democrático.
A contenção da fúria golpista nos quartéis e em setores da sociedade é o passo mais importante a ser dado até o dia 7 de setembro. Reafirmar a democracia é também celebrar a nossa independência.