26 de setembro de 2021 2:56 por Redação
A Braskem alardeia que o Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação já apresentou 9.046 propostas de indenização a moradores e comerciantes dos bairros atingidos pela exploração de sal-gema. A atividade ocorreu durante décadas, de forma gananciosa e irresponsável, e, hoje, suas consequências são tratadas, apenas, como “fenômeno geológico”.
Esse crime ambiental, geológico e econômico não é algo simples e nem rotineiro no Brasil e no mundo. O afundamento de cinco bairros de Maceió é um crime único no planeta.
Anunciar que o “índice de aceitação geral de propostas é de 99,6%, com apenas 32 recusadas”, é uma fraude, a empresa falta com a verdade. Na realidade, os moradores têm sido obrigados a aceitar as indenizações muito aquém dos valores de mercado de seus imóveis e empresas.
Os danos à saúde que mais de 60 mil pessoas vêm sofrendo, motivados pelo crime praticado pela Braskem, sequer é tratado como um dos danos incalculáveis.
Mais uma vez, ao afirmar na mídia que o “valor pago pela Braskem em indenizações, auxílios financeiros e honorários de advogados supera R$ 1,3 bilhão”, a empresa causadora dos crimes e extinção de cinco bairros tenta passar a impressão de que está fazendo justiça. Trata-se de uma jogada ilusionista a partir do marketing empresarial que investe milhões para tentar silenciar a opinião pública.
Encenação
O que é denominado como a realocação dos 14.415 imóveis identificados nas zonas de risco (96% já realocados), nada mais é do que parte da encenação pública para tentar normalizar o que não é normal.
A Associação dos Empreendedores no Pinheiro e Região Afetada e o Movimento Unificado dos Bairros (MUVB) não concordam com a avaliação dos imóveis feita pela Braskem. As entidades que representam moradores e empresários têm lutado para reverter a maneira como a mineradora realiza os cálculos e, também, a estratégia para efetuar os pagamentos.
Passados mais de três anos da tragédia, a Braskem divulga que “das 1.947 propostas apresentadas a este grupo, 1.191 já foram pagas”. Os empresários, ou ao menos a esmagadora maioria deles, faliram como consequência dos crimes da empresa.
A manipulação dos dados gerados pela Braskem dá a entender que quase não houve danos econômicos nos bairros e que os milhares de empresas até então ali instaladas voltaram a funcionar em outras localidades.
Melhoria contínua
A Braskem trata direitos como se fossem uma realização da empresa. Os moradores e empresários são vitimas de várias maneiras. Não bastasse terem sido expulsos das suas moradias e das suas empresas, estão sendo humilhados publicamente através das “noticias” veiculadas pela empresa.
Em nota, a mineradora afirma: “comerciantes e empresários também têm a mudança paga pelo programa, inclusive dos equipamentos e estoques. A compensação abrange todos os aspectos que compõem a atividade comercial, em especial os lucros cessantes, os custos comprovados em geral, inclusive aqueles relativos ao pagamento de verbas rescisórias para demissões decorrentes da desocupação e os custos para a instalação do negócio em outro imóvel. Em alguns casos, atendidos os requisitos jurídicos, são incluídos outros elementos, tal como o ponto comercial”.
A guerra lançada pela Braskem, com uma narrativa de que está atendendo da melhor maneira os atingidos pelos crimes, como essa afirmativa: “Desde sua criação, em dezembro de 2019, o Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação vem sendo aperfeiçoado constantemente a partir de diálogos com as autoridades e escutas à comunidade. Neste processo de evolução contínua, dois aditivos e 24 termos de resoluções já foram assinados. Em junho, por exemplo, foram definidos prazos de referência para os pedidos de reanálise de propostas, visando dar ainda mais agilidade à compensação”.
1 Comentário
Ao mentir sobre os dados das indenizações, a Braskem continua a punir os moradores
dos bairros de Maceió que ela própria, empresa, destruiu. Trata-se simplesmente do maior crime ambiental urbano do mundo.