14 de outubro de 2021 1:51 por Mácleim Carneiro
Um sujeito como eu, em minha terra de origem, à beira do Mundaú, pode ser facilmente identificado como um engole corda, cacimbão ou coisa que o valha. São pechas usadas pela sabedoria popular, que reconhece os símiles movidos a provocações. Sempre fui assim, porque, instintivamente, me dei conta de que a cautela apodrece em forma de covardia. Sou assim, porque meus embates sempre são em torno das ideias e não passam disso! Portanto, ninguém melhor do que eu para concordar com o que escreveu Norman Mailer, na carta para Max Gissen, em dezembro de 1951: “O crítico está submetido a um requisito moral. Pode escrever sobre um livro sob qualquer ponto de vista, mas tem com seus leitores e com o livro a obrigação de separar as ideias do livro das suas, e juntar o aviso de que sua reação ao que é criticado deve ser vista nesse contexto. Sem esse recato, toda integridade some da crítica, e só se produz propaganda.”
Esse trecho da carta de Norman Mailer é perfeito para ilustrar o que vem a seguir. Porém, ousarei substituir uma só palavra. No caso, caberá melhor a palavra “bobagem”, ao invés de “propaganda”. Refiro-me ao que, certa vez, escreveu um dublê de Jornalista e DJ, uma espécie de Andy Warhol provinciano, um incenso adocicado da modernidade oca! Com todo respeito que dedico aos ícones da arte Pop, é claro! Lá, na resenha que o tal escreveu, sobre o disco Dueto Urbano, para do Caderno B do jornal Gazeta de Alagoas – numa época em que a editoria do B era completamente avessa às produções locais e aculturada pelos modismos além fronteiras –, ele mandou esta provocação: “Letras insossas, melodias pouco inspiradas, vocais frágeis e arranjos repletos de clichês. Chega até a lembrar alguns dos artistas da MPB alagoana, embora boa parte desses careça da saudável despretensão do Dueto Urbano.”
Pois bem, é claro que engoli a corda! E veja que coisa interessante: sendo eu um propositor da MPB (com toda idiossincrasia que essa sigla carrega), se fizesse vistas grossas à grosseria, estaria sob o crivo da conivência silenciosa, que ratifica os fatos. Se não, ao ser um cacimbão da beira do Mundaú, certamente, caí na vala comum, aberta pela generalização contida no comentário do nosso Andy Warhol tupiniquim. É evidente que a segunda opção me foi bem mais confortável. Principalmente, levando-se em consideração a origem da crítica, propaganda, bobagem ou coisa que o valha, cujas referências comparativas, por certo, foram inspiradas no saco vazio em que regurgita grande parcela da modernidade oca e sampleada.
No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!