3 de novembro de 2021 4:44 por Eleonora Duse Leite
(*) Eleonora Duse Leite é funcionário pública e graduanda em comunicação.
Durante seis meses, acordei cedo, dei andamento as minhas coisas para às 10:00 horas está preparada e pronta para assistir a CPI da Pandemia pela CNN. Muito bem sentada, confortavelmente, coisa que fazia geralmente para assistir série, bom filme ou até mesmo uma novela, sempre acompanhada de uma bacia de pipoca e um bom refrigerante… Neste tempo é diferente. Sem companhia, apenas eu, meus botões e o desejo de que tudo seja esclarecido e os culpados sejam levados ao conhecimento público.
Não sou uma pessoa dita política. Luto pelos meus direitos e cumpro com os meus deveres. Voto, não tenho partido de escolha, voto na pessoa, sou cidadã do mundo, sou brasileira e alagoana com orgulho. Sei ser honesta comigo e com o outro, assim sei que a maioria sempre é que vence, isso é aceitável e faz parte.
Nestes quase dois anos de pandemia vi milhões de brasileiros chorando pela morte de familiares, amigos, pessoas anônimas. Chorei com eles. Me resguardei, cumpri as medidas de segurança de saúde, mas mesmo assim tive Covid, mesmo tendo tomado a primeira dose. Não tive complicações, apenas falta de paladar e de cheiro. Dou graças a Deus por ter tido apenas isso. Vi vários amigos irem embora e nem pude me despedir… Desses episódios só coube a mim o choro controlado, a reza na ponta da língua e a saudade que ficará de momentos vividos. Hoje um povo se cala, mas suas lágrimas rolam rosto abaixo pelas perdas.
Então, a cada sessão assistida um susto, o ficar abismada, atônita, a preocupação evidente e a tristeza decorrente de ver a que ponto chegamos. Fui persistente, ouvia e tentava entender o porque de tanta desumanidade, indiferença e crueldade. Depoentes cheios de cinismos, tiradores de vantagens,, quando não precisavam disso; ministros sem preparo, cheios de empáfia, escusos em seus deveres; médicos esquecidos de seu juramento em salvar vidas; empresários gananciosos, todos apoiadores do uso de um medicamento sem valor científico, além de blogueiros estranhamente vestido de verde e amarelo que espalhavam mentiras e confundiam as pessoas sobre o uso das vacinas, uma vergonha! Parlamentares que estão ali por nossa conta e hoje sofremos por conta de seus desatinos e interesses. E finalmente um Presidente surreal, inconsequente, absurdo, irresponsável que em vez de proteger seu país e seu povo fez campanha acirrada contra a vacina, zombou e fez chacota sobre a Covid.
Nas 1.180 paginas, a minutado relatório apresentada pelo senador Renan Calheiros trás o desconforto, a inoperância e ineficaz de um governo que só pensa no seu próprio umbigo, e que se esqueceu rapidamente que fomos nós (não eu)que fizemos com que subisse a rampa e usasse a caneta para melhorar os nossos dessabores. Foram milhões de votos de um povo já tão sofrido, mas sedentos de esperança de dias melhores. Um povo cansado pela fome, corrupção, mal tratos, falta de habitação, segurança, de pouca educação e de saúde precária por conta de irresponsabilidades passadas. Enfim, almejávamos um presidente real e não um de ocasião.
São 154.000.000 milhões de vacinados com as duas doses, 607.000 mil mortes, quantas lágrimas fartas… A pandemia não acabou, mas a vacina tem controlado o número de mortes, assim estamos conseguindo provar que ela é eficaz e que vamos viver. Triste é saber que muita coisa poderia ser evitada, que muitos poderiam estar aqui, conosco, mas não podemos voltar no tempo e desfazer o que aconteceu, mas temos certeza que o SUS, a equipe de enfermagem e os secretários de saúde de todo Brasil jamais serão os mesmos. Salvas a eles. Viva a vida. Vamos adiante. Sigamos em frente .
Quanto ao Relatório, ainda tem muito o que andar, esperamos apenas que não caia no ostracismo como tantas coisas neste país nosso de todos os dias.